A próxima taça na taça certa

Por Mariana Mendes De Luca | @marianamdeluca

O descomplicado vinho no copo, a belíssima taça pintada à mão e aquela peça antiquíssima rica em detalhes de cristal, herança da sua vó, infelizmente, não servem para tomar vinho. A taça certa é mais simples do que você imagina.

Em um universo tão diversificado, ter a taça certa é valorizar o paladar na hora de provar um vinho e eu não estou falando de taças caríssimas que enfeitam muito bem as cristaleiras, me refiro às taças leves, translúcidas e sem detalhes a ponto de você enxergar com clareza, o que se prova.

O aspecto visual é uma importante etapa da degustação, imagina você ter um vinho complexo em uma taça colorida, desenhada e cheia de detalhes? Com certeza isso atrapalhará a análise feita no momento visual da prova. Essa primeira etapa deve acontecer em uma taça sem detalhes e para melhor compreender as características que aquele vinho carrega, inclina-se a taça sob uma superfície branca para ser analisada sua cor e se existe algum sedimento no líquido.

Então chegamos na segunda etapa, a olfativa. Arrisco dizer que nessa etapa é onde mais sentimos a diferença do uso correto das taças para cada tipo de vinho.

Um bom exemplo é a taça Coupe, aquelas antigas taças de champanhe com a boca larga e o bojo baixo onde as borbulhas dispersam mais rápido e são ótimas para sentir o aroma da bebida. Já a taça Flute, muito usada hoje para os espumantes, com seu formato mais fino e a boca menor, mantém as bolhas por mais tempo. Essa é basicamente o contrário da anterior, resolveu-se a questão das borbulhas, mas ela é menos eficiente para sentir os aromas do vinho.

Já a taça Tulipa reúne as características dos dois formatos. Tem um bojo maior e o fundo mais pontiagudo, ótimo para a formação e manutenção das borbulhas.

Quando o assunto for vinhos brancos, uma taça menor e mais estreita se comparada a do tinto, ajudará a manter a temperatura do vinho mais baixa e concentra melhor os aromas frutados e florais, comuns do vinho branco.

Nada de diferente acontece na taça do vinho tinto, você já deve ter visto em diferentes modelos, taças com a seguinte nomenclatura “taça para vinho tinto”, isso porque nenhum vinho é igual e embora isso pareça óbvio, fica evidente quando entendemos cada tipo de taça.

Para vinhos mais leves e frutados, taças com bojo médio e boca mais larga são excelentes. Para vinhos encorpados, taças com bojo maior e a boca menor fazem da taça um pequeno decanter, permitindo uma melhor oxigenação, liberando aromas e suavizando taninos.

Isso nos faz concluir que entre esquentar a bebida com o calor das mãos ou não enxergar sedimentos indesejados no vinho, escolher a taça certa está longe de ser uma frescura, afinal, tomar vinho no copo é a mesma coisa que ter uma Ferrari e abastecê-la com etanol, o carro vai andar, mas sua performance não chegará nem perto da excelência se você não usar o combustível ideal.

Um brinde com a taça certa e até A Próxima Taça!

COMPARTILHAR

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here