Por Mariana Mendes De Luca | @marianamdeluca
Que janeiro é o mês das dietas prometidas, todo mundo sabe! Só que, em especial nesse janeiro, viralizou uma tendência, não tão nova, que se chama Dry January, que traduzindo significa Janeiro Seco. O nome é autoexplicativo, ficar os 31 dias de janeiro sem ingerir álcool e assim, minimizar os danos dos exageros de dezembro.
O que me surpreende é que nunca se falou tanto sobre o tema desde o seu surgimento em 2013 no Reino Unido, quando uma britânica se preparava para sua primeira meia maratona.
Atribui-se ao mundo, principalmente essa nova geração, estarem consumindo menos álcool, mas eu arriscaria dizer que as razões do sucesso do Dry January se dão em entender que equilíbrio é um negócio dificílimo para a maioria das pessoas.
Se você é do time que, como eu, encontra prazer em degustar um vinho, falemos a verdade, não será fácil aderir a essa tendência. E uma boa alternativa (ou não) parece ser migrarmos para os vinhos sem álcool, uma maneira que o setor encontrou para aumentar seu número de consumidores.
Os vinhos desalcoolizados, como são conhecidos, são elaborados por vinícolas e regulamentados pelo governo. O processo de vinificação é o mesmo que o do vinho tradicional e ao final dele, o álcool é reduzido para um percentual inferior a 0,05%.
Por isso os vinhos sem álcool não podem ser comparados ao suco de uva, pois este não sofre o processo de fermentação e é produzido a partir de uvas de mesa, aquelas que encontramos no supermercado de uso culinário. Já os vinhos tradicionais e os desalcoolizados são produzidos a partir da fermentação das uvas vitis viníferas.
Os produtores garantem que esse processo não tem impactos significativos no paladar e quando o analisamos, vemos que a proposta até parece boa, mas dificilmente agradará os tradicionais amantes do vinho.
Isso porque o álcool faz parte do corpo do vinho e é indiscutivelmente um componente responsável pelo equilíbrio dele. Além de adicionar textura a bebida, quando evapora é responsável por transportar os aromas dela.
Para a produção de 1 litro de vinho desalcoolizado, é necessário mais que o dobro da bebida, tornando-se assim, uma técnica difícil, custosa e que poucas vinícolas dominam.
Com a retirada do álcool do vinho, a sensação de adstringência fica mais evidente e isso acontece porque o álcool tem um papel importante na integração e equilíbrio de todos os fatores que compõe o paladar do vinho, como a acidez e o tanino.
Existem algumas medidas corretivas, em que a criatividade do enólogo é o limite. Porém a meu ver, prova-se um vinho para entender o terroir daquela região e alterá-lo dessa forma, perde-se o que de melhor ele pode nos contar, a expressão da sua história.
Assim concluo que melhor do que um vinho desalcoolizado é seguir o equilíbrio da moderação para apreciar o equilíbrio do álcool no vinho.
Um brinde ao autêntico vinho e até A Próxima Taça!