Por Clineida Junqueira Jacomini
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De novo volto a esse tema preferido por mim a vida toda! Concerto, pois adoro música; meu combustível de sempre; conserto, porque não jogo nada fora; nascida no pós-guerra; talvez por isso, ou munhequice e falta de dinheiro dos roceiros desde sempre! Pois é, e estou vivendo numa sociedade e num tempo onde tudo é descartável. Jogam-se fora amizades, amores, objetos ainda úteis, fotos, documentos, livros, pessoas… até filhos! E eu, vivendo na contramão do mundo, me entristeço! Lembram-se daquela anedota do velhinho, que descia a Imigrantes numa tarde domingueira com seu fusquinha azul e pensava: _Mas que gentarada burra! Todos errados! Só eu ando certo!! Assim estou me sentindo: quando uma coisa não é minha; procuro o dono e devolvo; se tenho algo do qual um conhecido precisa, ofereço; se conheço alguém expert em alguma coisa e alguém está precisando; encaminho. Mas isso não está acontecendo por aí Agora, nesses nossos tempos de desastres e calamidades fico sabendo de golpes, novos e cada vez mais criativos e refinados e atingindo pessoas simples, pobres, enlutadas!!! Esse mundo, mesmo querendo, não tem mais jeito! Acho! Mas, como o achismo é banal e chato! E esse mesmo mundo ficou pequeno; muito pequeno! Sempre fui de escrever cartas desde jovem. Continuo escrevendo e me comunicando ainda que não use mais os conceituados Correios de outrora. Mas, desde manhã, ainda na minha cama gostosa, pego meu celular e escrevo… escrevo… envio… envio e repasso textos entre meus amigos; respondo as delicadezas que me enviam…Enfim: continuo escrevendo minhas missivas, atualmente on line e virtuais. E o outro verbete? O concerto, nessa época? Por ocasião da renomada Semana Guiomar Novaes, nossa pianista maior e tão famosa à qual meu marido, pândego como sempre, chamava de Dioma! Desde alguns anos a programação é mais diversificada, saindo do centro, do piano, exclusivamente e do erudito puro e indo para os bairros, os jovens, as crianças, com o popular e bem variado. Tem acertado? Não sei, pois se o público não conhece o clássico como pode apreciá-lo? Se não vê/ouve um piano bem tocado, como dar valor a quem o divulgou com tanto talento e propriedade…e não só na nossa cidade e país, mas pelo mundão afora? O equilíbrio e o meio termo são, essencialmente o melhor e a melhor pedida; a mais acertada! Mas, como conseguir achá-los com tanta dualidade burra; exagerada; com somente dois polos radicais; com gente mmuuiittoo briguenta expondo, egocentricamente seu ponto de vista? Sei lá! Dou aqui meus pitacos de velha senhora eternamente educadora e mestra. Aliás, duas pessoas que me deixam feliz ao encontrá-las, gentilmente me chamam: _ Oi, professora (com a boca cheia e eu cheia de orgulho). A outra, ex aluna e amiga, ao me ver, diz: _Oi, querida mestra! Isso me enobrece e faz de minha vida profissional de tantos anos, uma dádiva divina. Sinto que minha vida valeu a pena mesmo sem saber o tamanho de minha alma e me lembrando do genial Fernando Pessoa! Poderiam existir modernamente mais ‘pessoas’ assim, não?
Voltando aos dois temas em questão, a referida e tão esperada Semana começa dia 13 e termina dia 22/9 e todos podem acessar os sites oficiais para saberem a programação que é bem extensa! E muito variada: de balé ao canto; do teatro à orquestra! do conjunto ao pessoal. E assim vamos indo nesse setembro quente e seco; com tantas queimadas, ar impuro e quase irrespirável; mercê da obstinada ação dos homens poluindo, a cada dia mais, nosso planeta Terra, tão lindo e saudável, outrora. Será que, ao som do concerto da natureza tão rica e bela teremos conserto para tantos erros? Espero, como todos nós esperamos, ano a ano, a verde primavera, que SIM!