Uma vida entre gols e faltas

MARLY CAMARGO
Cadeira nº 6 – Patrono: Mário Quintana

Férias à vista! Vamo que vamo! Muitas coisas passam pela minha cabeça, inclusive assistir televisão, um hábito que normalmente não tenho. Ufa! Mas, dias desses, enquanto jantava, liguei a TV, e eis o que passava: Copa América, jogo entre Brasil e Paraguai! A observação daquela partida me fez refletir que é quase nula a diferença entre a vida e o futebol.

Tal como uma bola em início de jogo, nós somos “chutados” para a vida e, uma vez “em campo”, precisamos nos virar, porque não sabemos ao certo quantos “tempos” nos são reservados no “gramado” de nossa existência.

Neste “futebol”, temos momentos de levar cartão vermelho, afinal, somos humanos e algumas situações nos desafiam mais que outras. Cartões vermelhos dos desentendimentos com os que compartilham o jogo conosco, dos problemas de saúde que insistem em aparecer assim como um jogador que cai ou é derrubado pelo adversário ; há os dias em que conseguimos “balançar a rede” e golear quando vencemos nossas próprias dificuldades e todos os que nos amam, vibram conosco!

Não podemos nos esquecer também que ninguém joga ou vive! sozinho e, nessa jornada, é preciso reconhecer quais os nossos adversários e quais os que temos afinidades, para que o “passe de bola” seja certeiro.

Cada um de nós está no seu jogo pessoal e diário, entre vantagens e desvantagens. Algumas vezes, surge um “árbitro”, que apita em nossos ouvidos coisas que nos fazem raciocinar se foi ou não merecido. Nessas horas é que podemos parar, analisar nosso próprio comportamento e evoluir, a fim de nos tornarmos melhores jogadores.

O que, às vezes, não percebemos, é que nós também temos os nossos momentos de ser árbitro ou capitão — e como será que nosso “time” ou família nos vê nessa posição?

Em tudo isso eu pensei, ali, enquanto jantava e assistia a um trecho da Copa América.

Não acompanhei o jogo todo, pois não me sinto atraída por futebol, tanto quanto sou pela literatura apenas aprecio, como um esporte que muito contribui para que o jogador seja um ser humano melhor, com senso de equipe e de respeito mútuo. Afinal, não importa a posição em que se joga, artilheiros, goleiros, centroavantes e todos os demais têm a mesma importância para o resultado, tal como na nossa vida.

E o tal do espírito esportivo? Para ele, faço um adendo e lembro-me da resposta que sempre dou aos meus alunos, quando me perguntam para que time eu torço. Eu torço para que tudo dê certo e termine bem, em paz e alegria. Eu torço por um mundo em que todos compreendam sua própria importância, no contexto da vida.

Como diz a música do Skank, “a chuteira veste o pé descalço, o tapete da realeza é verde, o distintivo na camisa do uniforme, e que coisa linda é uma partida de futebol”. Sim, o nosso pé entra neste “campo” descalço. Descalço, talvez, ele saia do “gramado”. O “distintivo na camisa do uniforme” vai durar alguns anos. Para umas pessoas mais, para outras, menos. E quando o jogo chegar ao fim? Para quem ligou a TV por acaso e seguiu com uma reflexão que ganhou horas, espero que o placar seja uma lição bem feita, com aquela nota máxima que eu tanto gosto de dar aos meus alunos.

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