Recentemente, um animal que estava em tratamento, era bem velhinho e acabamos perdendo. Não conseguimos resolver tudo, ao contrário, somos muitas vezes, somente paliativos com os velhinhos!
A dona (tutora) desse animal, uma pessoa muito gentil e espiritualizada, acabou me presenteando com um livro sobre a alma dos animais. Isso despertou minha humildade no entendimento da vida e da saúde dos mesmos.
Que os animais têm alma, isso eu sei; que sou limitado como veterinário isso eu sempre soube e sempre recebi ajuda intuitiva; que os animais são desprovidos dos chamados “karma” sempre imaginei visto que, teoricamente, não tem maldade ou intenções escusas.
Este livro me fez reforçar ainda mais o que enxergo há 30 anos na clínica e mesmo antes, pelo meu interesse em estar na natureza e observar os animais desde criança.
Às vezes, sou enfático em orientar os clientes sobre muita proximidade com os animais em situações como: dormir na cama, comer o que tem em nossa mesa, viajar pra cima e pra baixo, não passear com medo de doenças, carregar no colo, enfim, não dar a liberdade que cada espécie necessita para ser feliz e aflorar toda sua essência animal e sua missão no mundo. Muitas vezes as pessoas creem que amar é mimar, é dar tudo o que precisa e até que não precisa, comprar o que o mercado vende para mostrar amor, superproteger para mostrar cuidado e, o mais grave de tudo, transferir nossas angústias e problemas, consciente ou inconscientemente aos animais sabendo que eles não vão contestar por conta de seu amor incondicional. Vejo, clinicamente, que isso rompe a barreira do físico e transforma em doença aquilo que, de fato, é energia (ruim ou desbalanceada). Transferimos uma carga energética ou espiritual para os animais que podem transformar a vida deles em uma esponja capaz de absorver problemas que não são, necessariamente, deles. Ao ler esse livro, reforcei meus pensamentos sobre o que estamos fazendo com nossos animais, não somente aos pets, mas os de criação e produção também.
Desta forma, penso que temos que maneirar um pouco com nosso amor pelos animais, acreditar mais no potencial que as criaturas de Deus têm para o mundo e não usar nossa régua para impor aos animais sentimentos que não são deles. Nossa maneira de lidar com os animais, a meu ver, está muito a desejar no âmbito espiritual e, principalmente, natural. Estamos sufocando os animais em nome de um amor egoísta e até mercadológico. Lógico que o mercado impulsiona a gastar, mas amor não se compra e não se toma como seu. Amor é liberdade, confiança e respeito pelo espaço do outro. Até mesmo os desamparados podem estar mais bem evoluídos dos que estão sendo amados. Não somos nós que atribuímos o que é bom para eles. É o ciclo da natureza que impõe as regras da vida e do bem estar para eles. Não interfira na natureza dos animais! Se for um cão é um cão, se for um gato é um gato, se for um boi herbívoro é um boi herbívoro, se for uma ave é uma ave e assim por diante. Interprete qual é a natureza de cada um e tente proporcionar isso. Na realidade, eles não são nossos, são da teia da vida. Precisamos deixá-los expressar suas necessidades, não as nossas condições. Nossa energia está muito mais confusa do que a deles e, eles sabem disso e sofrem com isso.
Plínio Aiub é médico veterinário especializado em animais silvestres