Por Clineida Junqueira Jacomini
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Aos queridos que se foram.
Nesse mês do Dia de Finados, reverenciados por nós, que ficamos, quero tão somente relembrar algumas frases, a maioria de Sócrates, que morreu injustamente por querer educar, edificando os jovens gregos de sua época. Faço isso porque pensamos muito pouco (que frase incoerente!) na danada! E deveríamos refletir mais sobre ela, inexorável e certa, mas não aceita quando se trata de perder nossos entes queridos. Não sei vocês, meus caríssimos e fieis leitores, mas ando um tanto quanto nostálgica ultimamente! Quando não me lembro de alguma coisa, penso logo: _Vou perguntar para o Clineu! Clineu já se foi! Ou: _Quem sabe isso é meu primo Zezé! Ele também já não está mais entre nós. Isso me faz acabrunhada e tristonha. Mas, tento ir adiante, me lembrando de meus entes queridos com saudade, reverência e admiração. Como dizem os brasileiros pândegos> “Vamos em frente, que atrás vem gente”! Sim, gente nova, estranhos ou familiares, netos e netas tão amados que precisam de nós, mais velhos, para relatarmos o passado, ajudarmos no presente e juntos, esperarmos por um futuro melhor. Vamos às considerações:
“A vida sem ciência é uma espécie de morte.
A um homem bom não é possível que ocorra nenhum mal, nem em vida, nem em morte.
Se não há nenhuma sensação, se é como um sono em que o adormecido nada vê, nem sonha, que maravilhosa vantagem seria a morte!
Achei que me convinha mais correr perigo com o que era justo, que, por medo da morte e do cárcere, concordar com o injusto.
Pois morrer é uma destas duas coisas: ou é como um nada e o morto não tem nenhuma sensação de nada, ou (conforme se diz por aí), ocorre de ser uma transmigração e uma transferência da alma aqui deste lugar para um outro lugar.
Pois que, ó cidadãos,
o temor da morte
não é outra coisa
que parecer ter sabedoria, não tendo.
É de fato parecer saber o
que não se sabe.
Ninguém sabe, na verdade, se por acaso a
morte não é
o maior de todos os bens para o homem, e
entretanto todos a temem, como se soubessem,
com certeza,
que é o maior dos males.
E o que é senão ignorância, de todas
a mais reprovável,
acreditar saber aquilo que não se sabe?
(trecho de A Apologia de Sócrates)
Mas, já é hora de irmos: eu para a morte e vocês para viverem. Mas quem vai para melhor sorte é segredo, exceto para Deus.
Ninguém é responsável por minha morte. Sou eu o responsável. Eu sabia que isso estava prestes a acontecer, já que falar a verdade em uma sociedade que vive de mentiras, fraudes e ilusões é pedir para morrer. Não culpo essas pessoas pobres que decidiram por minha morte. Se alguém é responsável, esse alguém sou eu. E quero que todos saibam que vivi assumindo responsabilidades por mim mesmo e vou morrer dessa mesma forma. Em vida, fui um indivíduo. Na morte, sou um indivíduo. Ninguém decide por mim, sou eu quem decide sobre o meu destino.”
Prefiro morrer tendo falado à minha maneira do que falar da sua maneira e viver”.
Platão. Apologia de Sócrates.
Refletiram? Refleti!