Prestes a completar 54 anos de fundação no dia 18 de dezembro, o Reio Futebol e Samba, atualmente com a denominação Reio/Time São João, tem projetos em andamento com patrocinadores de potencial visando resgatar conquistas no futsal em termos locais, regionais e pelo país.
Uma destas metas é a Série A1 do Campeonato Paulista em 2024, após o vice deste ano da Taça EPTV e o título, recente, na categoria sub-16, da Copa Estado de São Paulo, região de Campinas. Garotos de várias categorias estão sendo trabalhados e envolvidos neste propósito.
Relembrando um pouco a história de mais de meio século da agremiação, voltamos ao final dos anos 1960, quando a cidade comportava uma juventude inteligente, amiga e talentosa, independente da origem dos familiares, todos se relacionando em convivência fraterna.
O Palmeiras Futebol Clube, à época, com o intuito de proporcionar aos associados opções de lazer em igualdade com a Esportiva e o Centro Recreativo, resolveu inovar com as inesquecíveis Brincadeiras Dançantes, os Festivais, Bailes Havaianos e Campeonatos de Futebol de Salão.
E foi antecedendo as festas de final do ano de 1969 que a criativa diretoria alvinegra programou o pioneiro evento de “futebol de quadra” no clube, que invadiu janeiro e veio a se encerrar, estrategicamente, na semana anterior ao carnaval do ano seguinte. A competição envolveu 20 equipes, cerca de 200 atletas, comissões técnicas e uma legião de torcedores que lotavam a sede social em dias de jogos.
Na plenitude de meus 15 anos tive o privilégio de ser um dos participantes daquela competição, com autorização da família, frequentador que era da roda de amigos da Lanchonete do Efraim Nogueira, a poucos metros abaixo da sede do Palmeiras, no coração da Dona Gertrudes. E foi ali mesmo que presenciei a fundação do Reio Futebol e Samba – batismo do “mestre” Efraim, exatamente no dia 19 de dezembro -, data do Torneio Início no Palmeiras. Um time meio improvisado foi montado, com as presenças de Neno Quessa, Joaquim Noronha, Sidnei Corsini de Mello Júnior, Homerinho Mollo e Gilvan Silveira. Sabíamos, no entanto, que era preciso reforçar para o forte campeonato que se aproximava.
Com as inclusões de Maurício Janisello, Rubens Pamplona, Mário Carneiro, Maézinho e a minha, mais a colaboração do improvisado “treinador” João Pranuvi, chegamos a vice-campeões entre times de enorme potencial, perdendo o título para o Bandeirantes EC, que tinha como base Evandro Macedo, Negê Jacob, Miguel Jacob, Paulo Merlin e Gilberto Petinatti. A final levou à sede do Palmeiras o maior público já registrado no local e teve a transmissão das emissoras Piratininga local, Cultura de Poços de Caldas e Pinhal Rádio Clube. Na sexta-feira de carnaval a diretoria programou o “Baile dos Campeões”, com entrega de troféus e medalhas aos melhores do campeonato. A cidade fervilhava!
Algum tempo depois, com o fechamento do Bar do Efraim, o pessoal do Reio migrou para o Canecão, o número de adeptos cresceu, surgiu ali uma forte equipe de futebol de campo e, em paralelo, a famosa Escola de Samba se destacava nos Carnavais de Poços de Caldas, da Baixada Santista e Festivais de MPB. O futsal, por sua vez, se profissionalizou com a chegada do saudoso treinador José Carlos Quessa, o Foguinho.
Foram sete anos neste ritmo frenético, em que o trânsito literalmente travava nas imediações da Avenida Dona Gertrudes aos domingos à noite, após o futebol da tarde na zona rural. O samba transbordava e, em meio àquela alegria contagiante, a título de curiosidade, um dos habituais frequentadores chamava a atenção: Dom Tomás Vaquero, bispo diocesano, que ao deixar as missas domingueiras na Catedral marcava presença no Canecão para um abraço fraternal na turma. Grandes e inesquecíveis momentos!
Leivinha Oliveira