No ano de 1968, o sonho de dirigentes da Sociedade Esportiva Sanjoanense e do Palmeiras Futebol Clube para “fusão” do futebol de ambos, sem, no entanto, envolver os patrimônios, tinha como intenção fortalecer o profissionalismo na cidade. No final das contas a reivindicação não surtiu os resultados desejados, por interferência da Federação Paulista.
Aproveitando o afastamento temporário em 1968 do Palmeiras no Campeonato da 1ª Divisão, espécie de segundo nível do futebol no estado de São Paulo, após expressiva campanha no ano anterior quando encarou equipes tradicionais como a Ponte Preta, o Paulista de Jundiaí, o XV de Piracicaba e o Bragantino, entre outras do nosso interior, parte do plantel, somado a alguns reforços, comporiam o novo time que teria a denominação Sociedade Esportiva Palmeiras Sanjoanense. O palco dos jogos seria o estádio “Dr. Oscar de Andrade Nogueira”, da rubro-negra, pelas dimensões do clube e os espaços destinados aos torcedores.
A expectativa na cidade aumentava. Uma reunião determinou a nova diretoria, composta por 30 elementos, metade de cada clube, a grande maioria deles bem sucedidos empresários locais. Nos cargos mais relevantes, como presidente foi aclamado João Barbosa, que teria como vices José Barbosa Filho, José Trafani, Orlando Farnetani e Paulino Dezena. Chefiando o Departamento de Futebol, Nahim Jacob, de vasta experiência no Palmeiras.
Em fevereiro daquele ano, a base da equipe começou a ser esboçada. Do Palmeiras foram aproveitados o goleiro Armando, Súla, Robertinho, Odilon e o goleador Alemão; do Corinthians Paulista vieram o lateral Souza e o ponta Bataglia; do Guarani de Campinas chegou o treinador Heraldo, mais os atletas Nei e Vado; do Comercial de Ribeirão Preto, o experiente goleiro Rui.
Dinheiro para investimento na infraestrutura do estádio não foi problema. A cobertura das arquibancadas trocada, houve o prolongamento das gerais (com ajuda popular na campanha do cimento), cabines de imprensa reformuladas, uma “tribuna de honra” fora planejada, além da demarcação de um estacionamento para 300 veículos.
Na semana do primeiro amistoso agendado, em 10 de março, contra a Caldense, muita gente compareceu aos treinos. Finalmente, a tão aguardada estreia. Cinco mil espectadores se aglomeraram na General Carneiro para acompanhar o empate em 1 a 1 com a Veterana de Poços de Caldas.
A S.E. Palmeiras Sanjoanense esteve em campo com Armando, Hélio e Laércio; Nei, Aluísio e Souza (Robertinho); Vado, Nilo (Goiano), Alemão, Bataglia (Carlos) e Odilon. A Caldense formou com Nogueira, Espigão e Miguel; Zé Mauro, Romeu e Serginho; Batata, Paraná, Dejailton, Oscar Pintinho e Hélio.
Entusiasmo notório pelos quatro cantos da cidade. Porém, dias depois, chega a notícia de que a Federação Paulista negara o pedido de fusão alegando que o Estádio “Dr. Oscar de Andrade Nogueira” não comportava o mínimo de 10 mil pessoas para o Campeonato da 1ª Divisão que se aproximava. A medida atingiu em cheio não somente São João da Boa Vista, mas também as cidades de Lins, Batatais, Orlândia e Votuporanga, todas com palcos futebolísticos menores do que os exigidos pela entidade.
Tudo desfeito, o Palmeiras ratificou a licença de campeonatos oficiais – aos quais retornaria em 1969 – e a Esportiva seguiu com o amadorismo, retornando com o futebol profissional no início dos anos 1980 quando do mandato do presidente Hamilton Barbeitos.
Leivinha Oliveira