Idosos

Por Clineida Junqueira Jacomini
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A nós, anosos!

Primeiro de outubro é considerado o Dia do Idoso e da Terceira Idade no Brasil. Atualmente, os idosos representam 14,3% dos brasileiros e, em 2030, seu número deve superar o de crianças e adolescentes de zero a quatorze anos. No Brasil, em 1º de outubro de 2003, foi aprovado o Estatuto do Idoso (Lei nº 10.741), destinado a regular questões familiares, de saúde, discriminação e violência contra o idoso com idade igual ou superior a 60 anos. Só há 20 anos nos dão a atenção merecida! E todos os dias são nossos devido à epopeia que vivemos… e vencemos! Vencemos os problemas; vencemos as rugas, doenças, dissabores, tristezas… e até aqui, a própria e tenebrosa morte. Quando me perguntam como estou, agora, pós-pandemia (que nunca esperaríamos vivenciar!), respondo sem titubear: _Estou bem; estou viva!

Pois é, mas não se fazem mais idosos como antigamente. Quando me vejo guiando “pela estrada afora”, sendo eu própria a vovozinha e não o chapeuzinho; com meu celular; mandando mensagens para o outro lado do mundo; com o mesmo tipo de roupas que a moçada usa, (até tênis estou usando!); me sinto feliz e viva, literal e virtualmente! Curto tudo que a vida moderna me oferece. E por que escrevo então? Porque simbolizo todas as mulheres que são da década de 30, 40… Antenadas, curtindo tudo o que a vida lhes oferece, agora que as lides domésticas se tornaram mais amenas, sem aquela reponsabilidade árdua de marido, filhos, trabalho, emprego etc. Quando muito, ajudamos os filhos com os netos, adoráveis criaturas que nos amam, sem limites!

Isso me veio à mente, ainda normal e funcionando bem, quando me lembrei de minha querida avó paterna, nos seus 80 anos. Magrinha como sempre foi. Coquinho atrás, com os ralos cabelos grisalhos; roupa preta com algumas bolinhas; saia comprida, mangas idem; rígida no ser, no trajar, no comer, no sentir; no viver! Não; minto: ao conviver com os netos, 5 de variadas idades e bisnetos ainda crianças, ela se desdobrava em meiguice e atenção! Era uma delícia as tardes na Fazenda Bela Vista com tudo construído pelo meu avô, que morreu jovem, deixando sua esposa, Maria Gabriela com 5 filhos, o mais velho com 15 anos e a caçula com 8 meses. Vem daí a sua melancólica tristeza e quietude! Teve que vencer; era lutar e lutar; vencer ou vencer! Uma mulher na década de 20 cuidar de terras, colheitas, dinheiro, venda, filhos, empregados etc etc não foi fácil. E esse filho mais velho morreu um mês depois do marido, na véspera do Natal, festa esta, antifesta, pois ela só ia à missa do galo e nunca teve ânimo para comemorações festivas.

E agora vejo na página da UOL a seguinte manchete: “Vida ativa e amigos; existe fórmula para uma velhice de sucesso?” E muitos depoimentos de pessoas de mais de 80 anos felizes e ativas. Também soube por aí que houve um aumento de idosos em nosso País de quase 5% em uma década segundo o IBGE em 2022. Vários fatores contribuem para isso, obviamente: avanço da tecnologia, mormente na medicina; (até a benéfica prótese, do presidente e de tantos!); atenção para com os mais velhos, seja em clínicas particulares, SUS, ONGs, com a conscientização de suas necessidades básicas; um Estatuto útil e assim por diante. Mas, voltando à citada manchete de um “jornal”, ainda que virtual como quase tudo ultimamente: ainda bem que me enquadro nela: sou ativa e tenho muitos amigos, além de independência financeira e uma família normal e próxima. Sou uma idosa feliz!!!

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