Luciana de Andrade Ferreira Gomes
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Com a chegada das festas juninas, uma lembrança sempre me aquece como um cobertor em noite fria. É daquelas que moram no coração, que têm cheiro de milho cozido, som de sanfona e cor de maçã do amor. Foi a festa junina dos tempos em que ainda acontecia na Praça Joaquim José, quando São João era uma cidade menor e cada escola montava sua própria barraquinha, feita de bambu.
A rua ficava cheia de gente indo e vindo e o quentão da dona Lucinda, merendeira do Joaquim José, era famoso, embora na época eu só tivesse olhos (e boca) pro cachorro-quente, que era simplesmente divino! Estudava no Joaquim José e, (ah, a quadrilha era uma delícia!); mas, muito antes disso, já começava o burburinho: quem dançaria com quem; quem seria a noiva… e a ansiedade reinava, mesmo que a gente nem soubesse o que aquela palavra significava.
No dia de São João acontecia o grande desfile das escolas. As fanfarras desciam a Avenida Dona Gertrudes como se fosse a parada de Natal que, aliás, nem existia naquela época. A concentração começava no início da avenida e íamos todos marchando, um atrás do outro, ensaiados até à ponta dos pés. Quem segurava a faixa com o nome da escola vinha sorrindo de orelha a orelha, porque só marchar ninguém podia; a pose também fazia parte!
A chegada ao palanque era o ponto máximo. Sem celulares, as câmeras fotográficas faziam a vez, eternizando momentos que hoje vivem na minha memória. O desfile ainda acontece, claro, mas tudo mudou. Hoje acompanho pela internet, com um nó na garganta e um sorriso saudoso no rosto. Ah, que saudade de São João, no dia de São João!!!
Gostar das festas juninas está no sangue desta sanjoanense aqui. Gosto de tudo: do significado; das comidas; dos enfeites; das crianças vestidas de caipira; das músicas que fazem a alma dançar. Quando junho vai embora, já começo a contar os dias para o próximo.
E falando em próximos, um ano desses decidimos fazer nossa própria festa junina no sítio, com a ajuda dos amigos. E ali, entre bandeirinhas e risadas, senti na pele o verdadeiro sentido dessa celebração: alegria e gratidão!
E, como dizem que, quem faz uma vez, precisa fazer mais sete, peço a São João, Santo Antônio e São Pedro (nome de meu trisavô), que me levem firme até à septuagésima. Porque festa junina, quando mora no coração, nunca tem fim!