Por Mariana Mendes De Luca | @marianamdeluca
Com 30 brindes ao final de cada edição em que falamos sobre a bebida que acompanha a humanidade há pelo menos 25 séculos, A Próxima Taça pode acabar. Isso porque a queda no consumo global de vinhos tem se consolidado na última década, e os sinais desse movimento tem estado cada vez mais evidentes.
No último ano, a França obteve um financiamento de 130 milhões de euros da União Europeia para reduzir parte dos seus vinhedos como resposta à queda no consumo. O motivo? Controlar a oferta e a demanda. Se a demanda sobe, os preços sobem, se o sentido contrário acontece, os preços acompanham. Por isso, diminuir a oferta é uma forma de aumentar a demanda e consequentemente, o preço.
É engraçado pensarmos que o preço é justamente um dos fatores responsáveis pela queda do consumo, conforme apontam pesquisas lideradas por importadores americanos, cujo resultado revela uma desaceleração do consumo de Champanhe nos Estados Unidos e uma migração para o espumante italiano Prosecco. O custo de uma garrafa do borbulhante vinho italiano, corresponde em média a 20% do valor do vinho francês.
Mas também existe outro responsável de grande peso nessa queda, a diminuição do consumo de álcool pela busca de uma vida mais saudável. Engana-se quem pensa que vinhos sem álcool é apenas uma tendência entre jovens e sai em destaque quem, para isso, se prepara.
Assim como em Bordeaux, um território tão consolidado pelo vinho, onde foi inaugurada recentemente uma loja que se dedica exclusivamente nessa categoria com o slogan “Zero álcool, 100% de prazer”. Não há como negar que o Velho Mundo sabe não só produzir bons vinhos como também, atrair bons consumidores.
E nesse cenário de queda do consumo global de vinhos, talvez os holofotes latinos comecem a brilhar, e essa esperança tem fundamento!
Em um estudo feito no primeiro trimestre de 2025 no mercado de vinhos, foi revelado um crescimento de 8% nas importações na América Latina e aqui no Brasil, o resultado foi ainda melhor: 10%.
Prova de que o cenário mudou (e muito) é que hoje, brilhamos os olhos de produtores europeus com nossos míseros 175 ml de consumo por pessoa por ano, enquanto do outro lado do Atlântico, alemães consumiam quatro garrafas por pessoa no mesmo período.
Mas a busca pelo Brasil se tornou uma questão de sobrevivência e que talvez nela, esteja a nossa esperança de que se termine a histórica pressão exercida pelos argentinos, nas altas tributações dos vinhos europeus na América. O resultado? Uma democrática escolha de vinhos, fazendo-se desnecessários serem feitas apenas pelo valor mais acessível o que, é claro, beneficia os nossos vizinhos.
Fica difícil uma perspectiva exata em decorrência da proposta de aumento das tarifas de importação. Mas, seguimos esperançosos com um acordo entre Mercosul e União Europeia e quem sabe com isso, aprendamos a valorizar os frutos da nossa terra fazendo do território brasileiro, uma esperança para os olhos atentos dos viticultores de todo o mundo.
O brinde à trigésima edição, cultiva os hábitos dos bons momentos que se tem com uma taça na mão e incentiva, com consciência, novos brindes.
Sendo assim, um brinde e até A Próxima Taça!