Campanha da Fraternidade destaca a preservação ambiental

Por Ana Paula Fortes
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A Campanha da Fraternidade, iniciativa anual da Igreja Católica no Brasil, chega à sua 61ª edição em 2025 com o tema “Fraternidade e Ecologia Integral” e o lema “Deus viu que tudo era muito bom” (Gn 1,31). A campanha, que ocorre durante o período da Quaresma, de 5 de março a 20 de abril, busca promover uma reflexão profunda sobre a relação entre a fé, a justiça social e o cuidado com o meio ambiente.

Objetivo é promover uma reflexão sobre a relação entre a fé, a justiça social e o cuidado com o meio ambiente (Reprodução)

Desde sua primeira edição, em 1964, a Campanha da Fraternidade tem sido um instrumento de conscientização e mobilização da Igreja Católica frente aos desafios sociais e ambientais do país. “A campanha surgiu como forma de engajamento da Igreja nas questões sociais do Brasil. Nascida em um contexto de desigualdades e transformações políticas durante a ditadura militar, a iniciativa se consolidou como um espaço de diálogo entre a fé e a realidade, incentivando os fiéis a se tornarem agentes de mudança em suas comunidades, incentivando-os a participar da construção de políticas públicas buscando a igualdade, a promoção dos direitos humanos, e o respeito ao meio ambiente”, explicou o padre Donato Fidanza Filho, reitor do Seminário Propedêutico Bem Aventurado Donizetti Tavares de Lima e vigário paroquial da Paróquia Coração de Maria.

ESCOLHA DO TEMA

O tema de 2025 reflete a urgência de enfrentar a crise ecológica global, marcada por mudanças climáticas, perda de biodiversidade e degradação ambiental. “A Campanha da Fraternidade propõe uma abordagem integral, que reconhece a interligação entre a saúde do planeta e o bem-estar humano, especialmente dos mais vulneráveis. A degradação ambiental, como a escassez de água, a poluição e os desastres naturais, afeta diretamente as comunidades mais pobres, ampliando as desigualdades sociais”, disse.

De acordo com ele, o lema “Deus viu que tudo era muito bom” remete à narrativa bíblica da criação, destacando a beleza e a harmonia do mundo natural como expressão do amor divino. “A Campanha convida os fiéis a refletirem sobre suas responsabilidades como cuidadores da criação, promovendo práticas sustentáveis e ações concretas que contribuam para a preservação do meio ambiente”.

Padre Donato: “A Campanha da Fraternidade 2025 é um convite à reflexão e à ação” (Divulgação/Arquivo Pessoal)

QUARESMA

A escolha do período da Quaresma para a realização da Campanha da Fraternidade não é aleatória. Padre Donato explica que este é um tempo de reflexão, conversão e renovação espiritual, no qual os cristãos são chamados a revisar seus valores e práticas, buscando uma transformação pessoal e comunitária. A Quaresma também enfatiza a prática da caridade e da solidariedade, princípios que se alinham diretamente com os objetivos da Campanha. “Por ser a Quaresma um período de profunda reflexão e conversão é o momento propício para o fortalecimento dos laços comunitários e a promoção da fraternidade. Em 2025 a proposta é unir os fiéis em torno de projetos que visam melhorar a vida das comunidades e enfrentar os desafios ambientais, reforçando a ideia de que a fé deve se traduzir em ação concreta”.

CONVERSÃO ECOLÓGICA

A Campanha da Fraternidade 2025 se configura como uma oportunidade para a Igreja Católica no Brasil reforçar seu compromisso com a justiça social e a sustentabilidade. Inspirada na Laudato Si, que é uma encíclica do Papa Francisco, publicada em 2015, traduzida como ‘Louvado Sejas’, que defende a necessidade de se cuidar do meio ambiente e das pessoas e na relação entre a humanidade, Deus e a Terra. O tema escolhido tem o objetivo de convidar os fiéis a uma ‘conversão ecológica’, que integre a espiritualidade com o cuidado com a criação e a promoção do bem comum.

“A Campanha da Fraternidade 2025 é um convite à reflexão e à ação. Em um mundo marcado por crises ambientais e sociais, a iniciativa da Igreja Católica no Brasil busca inspirar esperança e motivação, mostrando que é possível reverter danos e promover a renovação através do engajamento coletivo. Ao unir fé, fraternidade e ecologia, a Campanha reforça que o cuidado com a criação é um dever de todos, e que cada pequena ação pode contribuir para a construção de um mundo mais justo e harmonioso”, finalizou padre Donato.

  

Ações

 A Campanha da Fraternidade 2025 propõe uma série de ações que podem ser realizadas em diferentes níveis, desde o pessoal até o comunitário e político. Entre as iniciativas sugeridas estão:

Pessoais: reduzir o consumo de produtos descartáveis, praticar a reciclagem, adotar a compostagem de resíduos orgânicos e utilizar meios de transporte sustentáveis, como bicicletas e transporte público.

Comunitárias: participar de mutirões de plantio de árvores, limpeza de praias e parques, e promover campanhas de educação ambiental em escolas e paróquias. A coleta nacional da solidariedade, realizada nos dias 12 e 13 de abril, será um gesto concreto de apoio a projetos sociais em todo o país.

Espirituais: incluir na vida de oração reflexões sobre a relação com a natureza e a importância da criação. Realizar celebrações litúrgicas que abordem a temática da ecologia e da fraternidade.

Defesa de políticas públicas: engajar-se em discussões sobre políticas ambientais e sociais, apoiando movimentos que lutam pela justiça ambiental e a proteção dos direitos humanos.

Educação das futuras gerações: ensinar crianças e jovens sobre a importância da preservação ambiental e da fraternidade, cultivando uma nova geração mais consciente e responsável.

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