Um dia que deu uma crônica. E que dia!

Por Luciana de Andrade Ferreira Gomes
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Fomos de férias para a casa da avó de um dos amigos do Gustavo, em Maceió. Ah! Como acho sensacionais esses encontros! Tenho certeza de que são sempre encontros de alma.

(Vale contar como tudo começou: Os pais das crianças se encontravam nas festas dos buffets infantis e todos tinham um nome característico: pai do Gustavo, pai do Rafael, pai da Nina, pai do Miguel, pai do Enzo, pai da Mari, pai do Thiago, pai da Lorena, pai do Dudu… As mães, por sua vez, sentavam-se todas juntas nas mesas. Até que, um dia, ao descobrirem os nomes verdadeiros, o Juliano, pai do Miguel, organizou uma viagem para Xavantes, sua cidade natal, onde seus pais moram. Lá fomos nós: crianças, pais, mães…

A vida seguiu, mas, a partir de então, sempre tínhamos um encontro. Uma viagem rápida, o Halloween, o amigo secreto, o churrasquinho na casa do Carlão e da Marcinha… Mesmo depois que as crianças se formaram no pré e cada uma seguir para uma escola diferente. Então formamos o nosso grupo: Família das Acácias. “Acácias” porque o nome da primeira escola dos nossos filhos era Escolinha das Acácias.)

Desta vez, fomos todos chamados para Maceió. Geralmente, quando organizamos uma viagem, nem todos conseguem ir. Mas, desta vez, fomos todos! Nove famílias! A avó da Mariana e do Felipe nasceu em Maceió. Ainda jovem, foi para São Paulo, como ela mesma diz, “desvendar e conhecer o mundo”. Anos depois, com os filhos encaminhados e os netos nascidos, ela voltou para sua terra natal. E foi lá que nos recebeu em sua casa.

Logo nos avisou que haveria uma “farra” preparada especialmente para nós. E o dia da farra chegou!

Os músicos começaram a chegar, uns de barquinho pela lagoa; outros de carro. A mesa foi se formando; cada um tomando o seu lugar. Desde cedo, as cozinheiras já estavam a todo vapor: coco, sururu, creme de camarão… Depois vieram asinhas de frango e moela, até finalmente chegar a hora da feijoada. Tudo acompanhado de uma farofa tão crocante que deu vontade de levar na mala para São Paulo. Mas, quando chegaram os pudins e a cocada, mudei de ideia: queria mesmo era levar tudo isso escondido na mala!

A roda de samba começou. Chorinho, samba, forró… E as vozes! Nunca tinha visto algo igual. Foi quando a Lena, mãe do Gui, sogra da Ilka, avó da Mari e do Felipe, veio até mim e disse:

— Junto com esses meus amigos que amam a música, formamos uma confraria que só fala e vive de coisas boas. Vivemos felizes. Todos aqui amam a música!

E ela, a música, continuou e uma das cantoras me emocionou profundamente. Algumas lágrimas começaram a cair, sem que eu pudesse controlar. Mas então me lembrei de que, naquele grupo, não havia espaço para tristeza. E tive a certeza: chorar de alegria é maravilhoso! É a expressão de um sentimento que não dá para explicar.

No final da festa, os músicos ainda tocavam; as pessoas dançavam e alguns começaram a se despedir. A lua cheia invadiu o céu, lembrando que tudo é fase. Mais uma vez, meus olhos marejaram. Ela parecia tão perto, entre os coqueiros, como se quisesse me lembrar de que a noite estava chegando, mas, aquele dia, como aquela lua, nunca sairiam do meu coração.

Na despedida dos músicos, ouvi um belo conselho:

— Sejam felizes!

Ah, que dia! Quantos aprendizados para levar pela vida… Aprendi que a vida é muito mais feliz com amigos; que não precisamos de um motivo especial para fazer uma grande farra, dançar e cantar. Que a música alegra a alma. E que a natureza é um presente de Deus para todos nós.

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