Por Mariana Mendes De Luca | @marianamdeluca
Para nós brasileiros, provar um vinho de mesa é como tomar um café adoçado. Pois aqui, este vinho polêmico é associado a vinhos de baixa qualidade e essa confusão existe porque na Europa são conhecidos assim, aqueles que estão na base da pirâmide de qualidade.
Mas lá, ao contrário do nosso país, os vinhos de mesa não são produzidos com as conhecidas “uvas de mesa” e sim, com as uvas Vitis Viníferas e é aí que encontramos a grande diferença entre os vinhos de mesa europeus e os vinhos de mesa brasileiros.
Hoje no Brasil, a legislação é ampla e caracteriza como “vinhos de mesa” os vinhos que são produzidos com a espécie Vitis Labrusca, como a bordô por exemplo, a mesma uva que encontramos no mercado para consumo in natura e uso culinário. Além disso a legislação diz que o vinho precisa ter um teor alcoólico entre 8,6 a 14%, abrangendo assim, um grande número de rótulos.
E verdade seja dita, nem de longe esses rótulos conseguem fazer frente à riqueza aromática e de sabores dos vinhos finos, que são os elaborados com as Vitis Viniferas.
Mas então como os vinhos europeus conseguem entregar qualidade na denominação “vinhos de mesa”?
É simples! Essa denominação tem significados diferentes em cada parte do mundo. Enquanto no Brasil ela faz referência à uva que foi utilizada no processo, nos Estados Unidos ela está relacionada ao método de vinificação, enquanto na Europa é associada a hierarquia da qualidade.
O fato engraçado é que essa hierarquia que existe do outro lado do Atlântico, nem sempre é absoluta, fazendo com que as vezes, estes não se classifiquem como na base da pirâmide.
A Europa sempre teve regras bem rígidas impostas pelo sistema de denominação de origem, por isso se tornaram conhecidos como vinhos de mesa aqueles produzidos com uvas que não estão dentro desta denominação, formando a parte mais larga dessa pirâmide.
Mas nem sempre a nomenclatura foi essa, na Itália por exemplo, eram chamados por “vinhos fora da lei” aqueles produzidos por produtores que não aceitavam as rígidas posturas que o sistema de denominação de origem italiano impunha, e se valiam da liberdade que a classificação “vino da távola” lhes dava.
O fato engraçado nessa história, é que eles não imaginavam que acabariam criando vinhos que no futuro, se tornariam ícones italianos, que hoje, são conhecidos como vinhos supertoscanos.
Já nos Estados Unidos, vinhos de mesa não tem nada a ver com qualidade e sim com o processo de elaboração. O que para eles é um vinho de mesa, seria para nós, os conhecidos “vinhos tranquilos”, ou seja, vinhos que não passaram por um processo de fortificação ou que não são espumantes.
Entender essas denominações e o que elas querem dizer em cada lugar do mundo, é abrir um mar de opções sem preconceitos e conhecer muitos rótulos novos.
Ao mesmo tempo, a meu ver, é abandonar a ignorância para se fazer bons brindes aproveitando assim, o que de melhor cada região possa lhe oferecer.
Um brinde com um vinho de mesa, dessa vez, produzido fora do território nacional e até A Próxima Taça.