Por Mariana Mendes De Luca | @marianamdeluca
Se o espumante que você brindou a virada do ano não era da região de Champagne na França, sinto informar que você não tomou um tradicional Champanhe. Isso porque para ser denominado assim, não basta ser um vinho com borbulhas, a bebida precisa ser proveniente da região francesa, entre outras características que só possuem os vinhos dessa região. Mas eu tenho certeza de que a origem do seu espumante não te impediu de estourar a garrafa, brindar o novo ano e ao tilintar das taças dizer: “Saúde!”.
Se você quer saber por que em toda entrada de ano fazemos esse ritual, senta que lá vem história (e das bem antigas).
Não se sabe até hoje onde exatamente surgiu o ato de brindar, a versão mais difundida é que o hábito tenha surgido na Grécia ou em Roma, ambos pelo mesmo motivo, evitar o envenenamento de quem tomava da bebida, maneira na época, muito comum de assassinar os inimigos.
Na Grécia conta-se a história de que o brinde era um gesto de boa fé, que garantia uma bebida sem veneno. O anfitrião batia com bastante força sua taça na dos convidados a ponto de que as bebidas se misturassem pelos copos.
Os romanos por sua vez, iam um pouco mais adiante, ao brindar como uma oferenda simbólica aos deuses, jogavam um pouco da bebida no chão para saciarem a sede deles. Isso talvez justifique o hábito brasileiro de fazer a mesma coisa com um gole de cachaça “pro santo”.
O brinde que hoje nos faz referência à alegria e comemoração, já selou muitos términos de conflitos naquela época e desde então, ao beberem da bebida e não morrerem por envenenamento, saudavam-se com a expressão “Saúde”.
Com o passar dos séculos, surge na França vinhos com borbulhas que a princípio incomodava aos que provavam a bebida, mas ao ganhar a atenção dos ingleses, foi instituído que apenas na região de Champagne seria produzida a bebida mais conhecida hoje no mundo, o Champanhe.
Rapidamente, por ser uma bebida mais cara que o vinho tradicional, caiu nas graças da alta aristocracia europeia, sendo conhecida como uma “bebida de luxo” e servida assim, em grandes festividades. A realeza apreciava a novidade não apenas como símbolo de riqueza, mas também porque acreditavam que as mulheres que tomassem da bebida, se tornariam mais belas e os homens mais inteligentes.
Com o tempo, a tradição de brindar grandes festividades com champanhe rompeu a fronteira francesa e se espalhou pelo mundo em diversas culturas. No Brasil, ela chega no século XIX por meio da imigração europeia com o mesmo objetivo, comemorar grandes vitórias e novos começos, como a passagem de ano, por exemplo.
Aqui e em países que a data acontece na época de temperaturas mais altas, todos gostam por ser uma bebida refrescante, já em lugares onde a virada do ano acontece com as temperaturas mais baixas, é adorado por ter um teor alcoólico maior, que aquece quem o aprecia.
Em ambos os casos, é uma bebida que acompanha diversos tipos de pratos e que em qualquer lugar do mundo reflete elegância e festividade.
Para que mais pessoas apreciem esse hábito, os brindes comemorativos deixaram de ser feitos apenas com champanhe e passaram também a serem feitos com espumantes.
E para o meu primeiro brinde de 2025, brindarei com um bom espumante brasileiro, para provar que aqui, também criamos bons vinhos.
Um brinde e até A Próxima Taça.