Por Mariana Mendes De Luca | @marianamdeluca
A polêmica uva passa está chegando para o Natal e com ela os clássicos vinhos de descaminho, encorpados, pesados e que não têm nada a ver com nosso cardápio de Natal.
O costume de guardar um vinho especial e abri-lo na noite de Natal é para mim, a mesma coisa que ir a um restaurante, provar um pouco de cada prato do cardápio e acompanhá-los com o mesmo rótulo.
Essa explosão de sabores, faz a comida roubar a cena deixando o vinho em segundo plano, por isso, acreditem, Natal combina com vinhos bem menos complicados.
A noite de Natal tende a ter uma sequência, primeiro todos chegam, se ambientam, em seguida ceiam e finalizam a festa. Para acompanhar essa sequência, criamos um cardápio gradativo, onde na chegada são servidas comidas mais práticas de serem provadas enquanto conversamos descontraidamente, o jantar vem acompanhado de um peso maior, que necessita de prato e talheres de apoio e por fim, a sobremesa finaliza em um clima mais leve.
O vinho deve ser servido da mesma forma, acompanhando a sequência ao longo da noite.
Eu acho a experiência de abrir a noite com um espumante, muito elegante. Uma bebida leve e refrescante deixa o clima descontraído e vai bem, se acompanhada, a petiscos de entrada para se comer com a mão.
Ao servir entradas mais elaboradas, busque vinhos mais elaborados. Saia dos espumantes e vá para um vinho branco, ele será uma ponte interessante para a transição dos claros para o tinto. Uma ótima sugestão são os vinhos brasileiros do nosso precioso Vale dos Vinhedos, na Serra Gaúcha.
Mas lembre-se, você ainda está na entrada e as temperaturas do nosso Natal são sempre altas, fazendo com que os vinhos leves, servidos frescos, tenham nossa preferência.
Ao chegar no momento do jantar é onde as tarefas ficam mais complexas, porque aqui todo mundo quer impressionar com o vinho.
Então que tal impressionar servindo um vinho fácil de ser provado?
Evite vinhos que tem passagem por barricas de carvalho, nem todo mundo gosta de vinhos encorpados, opte por vinhos com aromas frutados, o equilíbrio será agradabilíssimo para todos que estiverem a mesa.
Aqui a minha sugestão são os italianos jovens e bem elaborados. Mas se ainda assim, você quiser servir algo um pouco mais complexo, não fuja dos argentinos, essa nacionalidade agrada muito o paladar dos brasileiros.
Para finalizar, a sobremesa vem acompanhada de uma dica que vale ouro, a doçura do vinho tem que acompanhar a doçura da sobremesa.
Por isso, uma ótima sugestão, são os vinhos Jerez, que no último ano ganharam muito destaque no mundo dos vinhos.
O vinho Jerez é um fortificado, típico da Espanha. Tem um processo de amadurecimento diferenciado, com formação de leveduras nos barris para proteger o vinho do oxigênio.
Há uma ampla variedade de estilos que vão de secos a extremamente doces. Mas cuidado! Isso não quer dizer que seu teor alcoólico é baixo, pelo contrário, por ser um vinho fortificado tem adicionado em sua composição um destilado que pode variar de acordo com sua produção. Apesar da doçura roubar a cena no vinho, esse teor alcoólico pode variar de 15 a 22%.
Porém falando em harmonizações, ele é um coringa, podendo acompanhar facilmente sobremesas como chocolates meio-amargos, sorvetes, figos e maçãs caramelizadas, sobremesas com nozes e tiramissu.
Durante o ano todo provar um bom vinho nos dá prazer e no Natal, não deve ser diferente. Mas em específico para essa noite do ano vale refletirmos se o prazer está em degustá-lo formalmente buscando a harmonização perfeita ou bebê-lo de maneira informal e descontraída.
A relação de prazer que existe entre o homem e o vinho está, a meu ver, nos bons momentos que ele nos traz.
Por isso, no dia em que a uva passa entra em cena, aproveite para beber um vinho de maneira descontraída e viver bons momentos com os seus.
Um brinde ao Natal, boas festas e até a Próxima Taça!