Por Clineida Junqueira Jacomini
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Sou de opinião que o que está feito, precisa ser usado e se escrito, não carecemos de digitar de novo. Li esse texto no Facebook e resolvi compartilhá-lo com meus diletos leitores:
“Entrei apressado e com fome no restaurante.
Escolhi uma mesa bem afastada, pois queria aproveitar os poucos minutos de que dispunha para comer.
Abri meu notebook e levei um susto com aquela voz baixinha atrás de mim:
_Tio, dá um trocado.
_Não tenho, menino.
_Só uma moeda para eu comprar pão!
_Está bem, compro um para você.
._Tio, pode por margarina e queijo também?
Percebo que o menino tinha ficado ali.
_Ok, mas depois me deixe trabalhar.
Chega a minha refeição. Faço o pedido do menino e o garçom me pergunta se quero que mande o garoto sair. Minha consciência me impede de dizer sim. Digo que está tudo bem._Deixe-o ficar, traga pão e mais uma refeição decente para ele. Então o menino se senta à minha frente e pergunta:
_Tio, o que está fazendo?
_Estou lendo uns e-mails
_O que são e-mails?
_São mensagens eletrônicas mandadas por pessoas via internet, é como se fosse uma carta, só que via internet.
_Tio, você tem internet?
_Tenho sim, é essencial no mundo de hoje.
_O que é internet?
É um local no computador onde podemos ver e ouvir muitas coisas, notícias, músicas, ler, escrever, sonhar, trabalhar, aprender. Tem tudo no mundo virtual.
_O que é virtual, tio?
Dou uma explicação simples, certo de que ele pouco vai entender e vou poder comer sem culpas.
_Virtual é um local que imaginamos algo que não podemos pegar, tocar. É lá que criamos um monte de coisas que gostaríamos de fazer; criamos nossas fantasias; transformamos o mundo em quase como queríamos que fosse.
_Legal isso, gostei!
_Mocinho, você entendeu o que é virtual?
_Sim, tio, eu também vivo neste mundo virtual.
_Você tem computador?
_Não, mas meu mundo também é desse jeito. Minha mãe fica todo dia fora, só chega muito tarde; quase não a vejo. Eu fico cuidando do meu irmão pequeno que vive chorando de fome, e eu dou água para ele pensar que é sopa. Minha irmã mais velha sai todo dia; diz que vai vender o corpo, mas não entendo, ela sempre volta com o corpo dela! Meu pai está na cadeia há muito tempo, mas sempre imagino nossa família toda junta em casa, muita comida, muitos brinquedos de Natal e eu indo para a escola para virar médico um dia. Isso não é virtual, tio?
Fechei meu notebook, não antes que as lágrimas me viessem aos olhos. Esperei que o menino terminasse de literalmente “devorar” o prato dele, paguei a conta e dei o troco para o garoto, que me retribuiu com um dos mais belos e sinceros sorrisos que eu já recebi na vida e, com um:_ “brigado tio, você é legal!”.
Ali naquele instante, tive a maior prova do virtualíssimo insensato em que vivemos todos os dias, enquanto a realidade cruel rodeia de verdade e, fazemos de conta que não percebemos! Vamos sair do virtual e ter ações e atitudes concretas. Participar da vida dos nossos irmãos, da nossa Comunidade e da nossa Família.”
Desculpo-me por não citar a fonte. Deve ser alguém virtual! Tão somente!