Escolhendo vinhos na prateleira do mercado

“Comprando gato por lebre”: é assim que eu me sinto quando, com um mar de opções na prateleira, eu escolho o tradicional vinho chileno, da vinícola conhecida, que tem o selo da medalhinha dourada no canto superior direito do rótulo e que aquele amigo disse que “é bom”.

É bom para quem?

Se “quem avisa amigo é”, direi a vocês que comprar sempre o mesmo vinho, só é bom para o dono do mercado.

Ora, a comercialização em grande escala dos mesmos produtos, geram maiores descontos na hora da compra. Com isso, o mínimo que se espera, é que você esteja consumindo o mesmo vinho e pagando cada vez menos por ele. Mas sabemos que essa não é a realidade.

Hoje, mais de 95% dos vinhos comprados em território nacional, são consumidos em até 48 horas. Isso mostra que não temos o hábito de consumir vinhos de guarda, compramos para o consumo quase que imediato.

E talvez isso justifique a mesmice na hora de escolher um vinho. Mas vou te contar que existem truques fáceis para sair dela e se aventurar nesse divertido universo.

Assim como todos os projetos comerciais, o projeto de um mercado te conduz para consumir aquilo que muitas vezes, eles querem que você consuma.

Produtos com validade mais curta ou produtos com um melhor valor agregado para venda, estão sempre no nível dos olhos do expectador, tornando assim mais fácil sua visibilidade e rotatividade.

Nas prateleiras de vinhos não é diferente!

Ao nível dos nossos olhos estão sempre aqueles rótulos comerciais, com um custo médio equivalente ao que a maioria busca gastar, facilitando assim a aceitação da compra dele.

Mas se você descer os olhos para as prateleiras inferiores, eu te garanto que você vai encontrar vinhos com valores bem mais interessantes se comparado à qualidade dos que estão mais visíveis.

Veja bem, não estou dizendo que você pagara mais barato! Digo que se você comparar qualidade x preço, as chances dessa equivalência ser melhor, estão nas prateleiras mais baixas.

O inverso também é verdadeiro!

Na próxima ida ao mercado, repare que nas prateleiras mais altas estão os rótulos de maior valor, alguns com uma qualidade superior, outros, superestimados.

Como arquiteta, posso te dizer que em um projeto de arquitetura comercial chamamos isso de “objeto de desejo”. Aquilo que está mais alto e longe do seu alcance, é o que nos desperta um desejo capaz de algumas vezes, nos fazer pagar além do que queríamos.

Ao comprar esses rótulos, pense com carinho com qual prato você irá acompanhá-lo, eu te garanto que sua experiência será ainda mais prazerosa e sua compra consciente.

Além disso, observe como os vinhos estão expostos nas prateleiras, pois elas não podem estar em um local com incidência direta do Sol, pois essa exposição altera a temperatura do líquido dentro da garrafa, que ao voltar para a temperatura ambiente, perde propriedades interessantes.

Quer outra dica simples?

Não pegue a garrafa que está à frente da fila. Você consegue imaginar quantas pessoas já a pegaram para ler sobre o vinho?

Isso quer dizer que aquela garrafa já foi movimentada por diversas vezes e nem sempre da maneira correta. Escolha as garrafas que estão ao fundo da prateleira, as chances de elas estarem paradas a mais tempo, são maiores.

E para finalizar, desbrave países!

Os vinhos são divididos por nacionalidade e você já reparou que essa sequência não acontece em ordem alfabética?

Isso é feito, para que esteja mais bem posicionado, aqueles vinhos que mais são vendidos, destacando vinhos argentinos e chilenos que juntos somam 58% do consumo em nosso país e é claro, a boa lógica de que o mercado te conduz para o que ele quer que seja vendido.

Com isso, desbravem as prateleiras de vinhos dos mercados, afinal, “em terra de cego, quem tem olho é rei”. Um brinde as boas escolhas e até A Próxima Taça.

Por Mariana Mendes De Luca | @marianamdeluca

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