Por Clineida Junqueira Jacomini
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Estava prestes a enviar minha crônica rotineira para a redação… Eis senão quando, ontem à noite fui ao nosso magnífico Theatro assistir a um evento grandioso! Era a concessão, ainda que póstuma, do título de Doutora Honoris Causa em Educação para a Maria Sguassábia, nossa maior e inesquecível ‘mulher soldado’. Inesquecível? Não! Pois o espaço estava vazio de público; somente um vereador; muitos policiais que honram sua farda e corporação e as duas entidades que se lembraram dela, concedendo-lhe por unanimidade, esse honroso título. Ah! Também lá estavam seus familiares (diretamente nenhum, porquanto ela teve somente uma filha), mas vários sobrinhos(as) netos(as) e primos dessa talentosa e especial família sanjoanense. Meu título foi ‘resenha’, pois vou tentar descrever o que aconteceu ali e ‘indignada’, entenderão abaixo! Duas grandes Universidades, influenciando e educando desde sempre toda essa nossa extensa região: Unifae e Unifeob, com seus reitores, realmente ‘magníficos’ com suas becas de cetim branco, Marco Aurélio Ferreira e José Roberto Almeida Junqueira, respectivamente. Estavam no ‘palco iluminado’, representando as entidades que dirigem, mas, o melhor e mais significativo é que, de comum acordo, elaboraram essa homenagem à Maria que era Estela Rosa num gesto e atitude longânima e de paz! Isso foi muito bonito! Lá estavam também outros membros das duas Universidades que também receberam medalhas comemorativas a essa justa homenagem à Maria, mulher, professora, nascida no século XIX que marcou a história sanjoanense, quiçá do Estado e do seu amado País, nas mãos de um despótico ditador que tantas mortes causou! E isso porque não queria uma Constituição, legal e legítima pela qual morreram: Martins, Miragaia, Drausio e Camargo, os 4 estudantes paulistas, o eterno MMDC. Distribuindo medalhas e comendas lá estavam os dirigentes desse movimento constitucionalista premiando pessoas ilustres que fizeram jus a esse ‘ser paulista’ e honrando a mulher, o magistério e a educação em geral. O evento demorou a começar e com as citadas condecorações se prolongou noite a dentro…e sabem o pior? Para um público pequeno, ainda que respeitoso e atento, com toda a certeza, maravilhado, como eu, com o que assistiam….E aprendiam! Sim, por que mesmo com meus quase 80 anos, faço questão de aprender alguma coisa útil todos os dias. O que? Mais fatos sobre essa mulher que tanto sofreu por seus ideais; que dentro desse rápido movimento que foi de julho a outubro de 32, uma enfermeira fez de tudo para proteger as mulheres e que em 33 foi eleita a primeira mulher paulista para a Câmara Federal. Que outra jovem, quase ao lado do Palácio do Catete no RJ gritava prá quem quisesse ouvir que os paulistas tinham razão em lutar pela Constituição e continuou assim! Ganhou o apelido de Paulistinha e uma música de Ari Barroso que um dos líderes do MMDC cantou lindamente no palco. Que em 38, na inauguração do Túnel 9 de Julho em São Paulo, com a presença de Getúlio Vargas, outra combatente, uma negra, Maria José Barroso, cognominada ‘mulher-soldado’ ao ver-lhe estendida a mão do presidente, se recusou a apertá-la dizendo ‘não dar a mão a ditadores’! E por aí foi essa noite gloriosa! Mas, duas coisas me encantaram sobremaneira: a presença maciça dos policiais militares da região que compreende mais de 50 cidades; de seus dirigentes aos mais simples; todos bem trajados, com a chamada e necessária ‘linha’ que não se vê mais! E a falta de políticos e dirigentes na plateia. Todos com que eu falei diziam: _Se esse evento fosse antes das eleições isso aqui estaria cheio! As pessoas então mudam? E tanto assim? Que triste realidade vivemos! E o ponto alto foi a Banda da Polícia Militar de São Paulo. Deram um show! E tocaram de Paris Belfort ao Queen; de Zezé a Tim Maia! E o final apoteótico com todos cantando, (mas todos mesmo!) o Hino da corporação! Foi realmente demais! Retratei? Espero!
Ah! assistam ao documentário no Youtube: “Maria-mulher soldado”. É a maneira de conhecê-la melhor! E honrar seu nome!