Por Marly Camargo
Cadeira nº 6 – Patrono: Mário Quintana
No último sábado de setembro, como divulgado no site e mídias sociais da Academia de Letras de São João da Boa Vista, ocorreu a cerimônia de premiação do XXXII Concurso de Poesia e Prosa, promovido pela Arcádia e com abrangência internacional.
Entre os classificados na categoria Prosa, estava meu aluno, Miguel Santamarina Cardoso, que cursa o 5° ano no Colégio Externato.
Ressalto que não é o primeiro estudante a se destacar nessa disputa, certamente, visto que é o 4° ano consecutivo que alunos do Externato são classificados. A vitória de Miguel me levou a uma viagem mental.
Escrever é uma aptidão desenvolvida pelo hábito da leitura. E este, por sua vez, concorre atualmente com os filmes e streamings.
De “Harry Potter” a “It: A Coisa”, passando por “E o vento levou”, “O menino do pijama listrado”, “O Caçador de Pipas”, a saga Crepúsculo, entre tantos outros, a literatura já ganhou as telas há muito tempo.
Como professora de Língua Portuguesa, eu questiono: para a formação intelectual das crianças e jovens, isso é bom ou não?
Assistir a filmes pode ser prazeroso e mais fácil, já que a maioria deles dura até 2h30 e o hábito ainda vem aliado ao prazer de reunir amigos e familiares, com muita pipoca e conversas a respeito do que se passa no decorrer da trama.
Porém, a leitura ainda provoca sensações únicas e individualizadas, que vão delinear todo um quadro mental, por meio do qual, a imaginação deste pequeno público vagueia livremente.
Cada pessoa que lê um livro põe-se a visualizar ambientes e personagens segundo sua própria criatividade e bagagem cultural. E ninguém imagina a mesma cena, com as mesmas cores e características! Mesmo porque somos seres únicos e nosso pensamento é um local que só pode ser acessado por nós mesmos. Essa possibilidade de explorar o imaginário, tendo a linguagem escrita como fio condutor, é que faz do livro – ou melhor, da literatura – algo tão fantástico e fascinante.
Já em um filme tudo sempre será igual para todos, a depender somente do olhar do diretor. Seja qual for o público, ele verá a mesma imagem, sem acrescentar nada de novo. O que pode variar é apenas a interpretação pessoal que cada um faz de uma cena.
Claro que não se pode deixar de citar o encantamento que os efeitos das produções atuais – como as da Marvel e Disney Pixar – trazem aos expectadores. Por meio de computadores, criam-se cenários inteiros e homens podem voar de edifícios ou habitar castelos que os atores não veem, afinal são inseridos na pós-produção.
Enfim, diante desta convergência em torno de uma mesma obra, o que é mais interessante para um público infanto-juvenil: ler ou assistir?
Eu fico com ambas. Mas, se tiver que sugerir, digo que nada supera um bom livro. Afinal, como dizia Monteiro Lobato, “Quem escreve constrói um castelo e quem lê passa a habitá-lo”.