Prefeitura evita falar sobre vacinação contra poliomielite

Por Ana Paula Fortes
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O Ministério da Saúde anunciou que a partir de 4 de novembro não haverá mais gotinhas contra a pólio. A troca da vacina oral contra a poliomielite (VOP) pela vacina inativada (VIP) em todo o território nacional é uma recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS) e da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS). O objetivo é aumentar a eficácia da imunização e garantir maior proteção à população infantil.

Injetável: opção apresenta muitas vantagens sobre as tradicionais gotinhas da vacina (Reprodução/Via Google)

SILÊNCIO

Há três semanas que a reportagem do jornal O MUNICIPIO vem solicitando à Prefeitura de São João da Boa Vista informações sobre a atual situação vacinal, como se a cidade já está pronta para imunizar com a VIP, se houve ou não queda na procura pela vacina contra pólio este ano, entre outros detalhes.

No entanto, a administração municipal tem evitado repassar esses dados até o momento.

Por que a troca?

Historicamente, a VOP, que é administrada por via oral, foi a principal vacina utilizada no Brasil. No entanto, a VIP, que é injetável e não contém o vírus atenuado, apresenta vantagens significativas: elimina o risco de casos de poliomielite associados à vacina, que podem ocorrer em populações com baixa cobertura vacinal e é capaz de induzir uma resposta imune mais vigorosa, especialmente em populações que têm dificuldade em alcançar altas taxas de vacinação.

A vacinação anual visa conter o risco de reintrodução da doença no território brasileiro. De acordo com o Ministério da Saúde, não há circulação do poliovírus no país desde 1990, graças ao esforço de imunização. No entanto, a cobertura vacinal vem apresentando resultados abaixo da meta de 95% desde 2016. Em 2022, o percentual de vacinação foi de 72% no Brasil, motivo de alerta para um possível retorno da doença.

O que muda para a população?

Com a introdução da VIP, o calendário de vacinação infantil será atualizado. As crianças que ainda não foram vacinadas ou que precisam completar o esquema vacinal devem receber a VIP nas doses recomendadas. É fundamental que os pais e responsáveis fiquem atentos às datas e à necessidade de levar as crianças aos postos de saúde.

O Brasil tem se esforçado para manter altos índices de vacinação, mas a redução das taxas nos últimos anos preocupa as autoridades de saúde. A nova estratégia pretende reforçar a proteção contra a doença e evitar a reemergência do vírus.

Poliomielite

A poliomielite, também chamada de pólio ou paralisia infantil, que pode afetar, principalmente, crianças. Nos casos graves, ela pode causar paralisia muscular e, por isso, também é conhecida como paralisia infantil. No Brasil, a doença está erradicada desde 1990, porém, sua cobertura vacinal está abaixo do esperado aumentando o risco de retorno da circulação do vírus.

A transmissão ocorre por contato direto pessoa a pessoa, pela via fecal-oral, por objetos, alimentos e água contaminados com fezes de doentes ou portadores, ou pela via oral-oral, por meio de gotículas de secreções ao falar, tossir ou espirrar. A falta de saneamento, as más condições habitacionais e a higiene pessoal precária são fatores que favorecem a transmissão do poliovírus.

Sintomas

Os sintomas mais frequentes são febre, mal-estar, dor de cabeça, de garganta e no corpo, vômitos, diarreia, prisão de ventre, espasmos, rigidez na nuca e até mesmo meningite. Nas formas mais graves instala-se a flacidez muscular, que afeta, em regra, um dos membros inferiores.

Tratamento

Não existe tratamento específico, todas as vítimas de contágio devem ser hospitalizadas, recebendo tratamento dos sintomas, de acordo com o quadro clínico do paciente.

Sequelas

As sequelas da poliomielite estão relacionadas com a infecção da medula e do cérebro pelo poliovírus, normalmente são motoras e não tem cura. Como problemas e dores nas articulações; pé torto, em que a pessoa não consegue andar porque o calcanhar não encosta no chão; crescimento diferente das pernas; osteoporose; paralisia de uma das pernas podendo ocorrer também nos músculos da fala e da deglutição; dificuldade de falar; atrofia muscular e hipersensibilidade ao toque.

As sequelas da poliomielite são tratadas através de fisioterapia, por meio da realização de exercícios que ajudam a desenvolver a força dos músculos afetados, além de ajudar na postura, melhorando assim a qualidade de vida e diminuindo os efeitos das sequelas. Além disso, pode ser indicado o uso de medicamentos para aliviar as dores musculares e das articulações.

Prevenção

A vacinação é a única forma de prevenção da poliomielite. Todas as crianças menores de cinco anos de idade devem ser vacinadas conforme esquema de vacinação de rotina e na campanha nacional anual. O esquema vacinal contra a poliomielite é de três doses da vacina injetável – VIP (aos 2, 4 e 6 meses) e mais duas doses de reforço com a vacina oral bivalente – VOP (gotinha).

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