É com o conhecimento e com a autorização do “Chefe”, vale dizer, do Jairo Hamilton Domingues, que escrevo estas linhas em memória do nosso estimado companheiro de cavalgadas Paulo Eduardo Campos de Oliveira, o popularíssimo “Paulo Mineiro”, que há poucos dias foi retirado da nossa convivência. O “placet” do Jairo Hamilton implica em que eu ora escreva não apenas em meu próprio nome, mas também no nome da “Sociedade Sanjoanense de Esportes Hípicos”, da qual tenho a honra de ser o Diretor Jurídico.
Aristóteles de Estagira, o homem que ensinou o Ocidente a pensar, tinha a amizade em alta conta, considerando-a mesmo um sentimento nobre ao extremo. E o velho filósofo estava certo, porquanto a amizade corresponde ao afeto desinteressado que se tem por uma pessoa, e à capacidade de doação e de solidariedade dos seres humanos.
Em se tratando do meu relacionamento com o Paulo Eduardo, devo dizer que a amizade entre nós remontava a pelo menos duas gerações anteriores à minha própria: O meu avô materno, Waldemar Junqueira Ferreira, era primo e grande amigo de Gabriel Rabelo de Oliveira, o “Bié Manteiga” , assim chamado em função da “Fazenda da Manteiga”, situada em Santo Antonio do Jardim, avô do Paulo Eduardo. Quando pequeno, ganhei um cachorro dinamarquês do Sr. Valdomiro Valim de Oliveira, tio dele. E fui colega no Instituto de Educação do Benedito Pinto de Oliveira, o “Dito Seco”, tendo conhecido ainda o “Bogé”, irmão deste último… assim, é possível falar de laços de parentesco, quando trato do extinto.
Paulo Eduardo, administrador de empresas pela FEOB, era filho do Dr. Octavio Valim de Oliveira e de Dona Alzira Campos de Oliveira, tendo nascido aos 28 de Abril de 1958 em Belo Horizonte. Registro que o seu pai, que na família tinha o apelido de “Tatinho”, notabilizou-se como médico pediatra na região da “Alta Paulista”, possuindo um hospital em Oswaldo Cruz, juntamente com mais dois colegas sanjoanenses. Foi ademais um exímio futebolista, em companhia dos seus irmãos Delso e Geraldo (Geraldão). O “Tatinho” gostava de se sentar para conversar no antigo “Posto do Gomes”, na Avenida Dona Gertrudes. E o seu companheiro de prosa era o também nosso primo Delvo Valim Ferreira, filho do Tio Lourenço José Ferreira.
Eu conheci o Paulo Eduardo e o seu irmão “Biel” nas cavalgadas organizadas pelo Jairo Hamilton Domingues. Antes de se dedicar à equitação, ele havia praticado o “Basket-Ball”, ou “Basquete”, como o jogo é mais conhecido… neste esporte, foi companheiro do “Neto”, vale dizer, do Gabriel José Ferreira Neto, filho do “Tio Vadico.”
O Paulo Eduardo, nas cavalgadas, era um companheiro gentil, educado e bem humorado, sempre disposto a ajudar os companheiros, inclusive eu próprio… e tinha ademais o senso de humor que caracteriza as pessoas inteligentes. Vou dar um exemplo do seu senso de humor.
Numa romaria a cavalo para Aparecida, há muitos anos, eu provoquei de brincadeira o Paulo Eduardo, dizendo que ele, jogador de basquete, tinha aprendido equitação com o Aldo Milan… ele ficou quieto. Sucede que dias depois, quando dávamos de beber aos animais num regato, o “Caipira”, meu cavalo, pisou num lugar fundo e eu caí dele… dentro da água!… o Paulo Eduardo teve então a sua desforra: — “Dr. Acacio, acho que o senhor aprendeu equitação com o Seu Narciso Carvalho!…” foi um risada geral…
La Martine chamou o cavalo de “pedestal de príncipes.” É possível que na assertiva do autor francês haja algum exagero. De uma forma ou de outra, eu creio firmemente que a prática da equitação aprimora o caráter de um homem. E contribui para o fortalecimento dos laços de amizade entre as pessoas. Bem por isto, no quartel do Regimento de Cavalaria 9 de Julho, em São Paulo, está escrita a frase: “Onde se cruzam os estribos, nasce a camaradagem.” Foi isto o que aconteceu entre o “Paulo Mineiro” e eu. E acredito que com os demais companheiros tenha ocorrido a mesma coisa… que ele descanse em paz!
Acacio Vaz de Lima Filho, Diretor Jurídico da “Sociedade Sanjoanense de Esportes Hípicos”, dedica estes comentários aos familiares de Paulo Eduardo Campos de Oliveira