Viver

Por Clineida Junqueira Jacomini
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“A solidariedade é o sentimento que melhor expressa o respeito pela dignidade humana” Franz Kafka.

Como é fácil e como está sendo difícil viver! Mal-entendidos; lustro nos egos; maledicência; desencontros; desenganos; melindres mil… E por que? Porque o ego das pessoas está, a cada dia, maior; mais precisado de lustros e afagos; de ressaltos e destaques! Outro dia me referi à queixa sincera de uma caixa (gente! de supermercado), sobre a maneira humilhante e vil de como é tratada (maltratada) pelos clientes. É lógico que estou generalizando, graças a Deus por isso! Há muita gente educada, civilizada e outros ‘adas’ gentis. Por que será que estamos muito mais adiantados tecnicamente e tão lá atrás na civilidade? Qual vírus sociológico (ou melhor, antissocial!) tem nos atacado na calada da noite sem que lhe percebamos a picada e o veneno? Soube hoje que um marido, no Rio de Janeiro (RJ), magoado e vingativo para com a esposa, disse aos traficantes que ela tinha denunciado a facção criminosa para a polícia! Não deu outra: os criminosos fizeram o trabalho do marido e mataram a esposa dele! Depois da pandemia malvada, com tantas perdas, quando todos deveriam se mostrar mais bondosos, três policiais foram inquirir um morador de um bairro rico de SP e, ao abrir-lhes a porta, ainda que tivessem se identificado como sendo da polícia, deu-lhes tiros, recebeu outros e um jardineiro, sem nada saber, nem estando envolvido, também foi morto!

Tempos dos trogloditas? Tempos das cavernas? Roma dos gladiadores? Idade Média? Das Cruzadas? Não! Século XXI, das conquistas espaciais; da cibernética poderosa; do imediatismo das notícias; da comunicação instantânea; audível, visual e quem sabe, num futuro próximo até táctil!!! O certo é que guerras sempre haverá; celeumas, idem; mentiras, rancores, brigas pequenas, médias e enormes… Também@sempre! Os casamentos estão diminuindo (as ‘juntadas’ não). As pessoas parecem ter medo dos papeis que os unem e tentam viver juntos para verem se dá certo. Às vezes sim; às vezes não. E agora, para questões de segurança no futuro, essa ‘papelada’ está sendo dispensada; união estável se equivale ao antigo vínculo matrimonial; então, quem quer se casar com papel carimbado e caro? Mas, as festas ainda estão em moda e em alta… de custos, pois são luxuosas, com requintes de realeza! E os divórcios? Em alta e crescendo, sempre. Será que cada um dos cônjuges não conhecia os defeitos do outro? É claro que sim! Então por que depois “não aguenta mais” e apela para a tal “incompatibilidade de gênios”, motivo alegado na maioria das separações!!!

Mas, o pior é a existência e vida dos pobres filhos resultantes dessa união! (ou seria desunião?). Por que ter alguém dependente de si se não quer lhe dar nenhum apoio? Muito triste isso!

Será que estou cáustica demais? Pessimista? Negativa? É que, idosa e professora, constato as diferenças que vivi (e sobrevivi!) ao longo desses quase 80 anos de vida! E foram muitas! Demais! “Demais da conta”! Como dizem aqui na minha rocinha, ainda santa perto das atrocidades urbanas!

E depois ainda dizem que somos ‘caipiras’ da roça!!!

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