Por Clovis Vieira
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“Garçom! Aqui nessa mesa de bar, você já cansou de escutar, centenas de casos de amor…”, diz a música de Reginaldo Rodrigues dos Santos, cantada por Reginaldo Rossi. ‘Garçon’, de 1987, homenageia o profissional mais querido de bares e restaurantes. No domingo (11) foi comemorado o Dia do Garçom, providencialmente bem próximo do Dia da Cerveja, comemorado na sexta-feira (2). A pergunta que a primeira estrofe daquela canção traz à tona é: o garçom às vezes também ‘atua’ como terapeuta?
“Certa vez, eu atendendo um senhor, percebi que ele tomava uma dose de whisky atrás da outra; daí, eu pensei: ele deve estar enfrentando algum problema! Cheguei próximo da mesa, ele me chamou e disse ‘eu posso conversar com você?’ e confessou que tinha sido deixado pela namorada”, contou José Roberto Martinelli, 54, que trabalha no Tékinfin há 40 anos, entre a cozinha do restaurante e o serviço de garçom, nos últimos 26 anos. Autodidata, ele afirma que tudo o que sabe sobre a profissão, aprendeu naquele restaurante.
ORIGEM DA DATA
De acordo com o publicado pelo portal O Dia, do Rio de Janeiro (RJ), em 10 de agosto de 2022, o dia 11 de agosto é reservado para homenagear os trabalhadores de uma das categorias profissionais mais queridas do Brasil: os garçons.
“A efeméride tem uma origem inusitada por estar ligada ao Dia do Advogado. Nessa data, em 1827, D. Pedro I assinou a criação das primeiras faculdades de Direito do País e, para homenagear esses estudantes, anualmente, bares e restaurantes os convidavam a consumir gratuitamente, no que ficou conhecido como Dia da Pendura. Mesmo não pagando a conta, os futuros advogados não esqueciam da gorjeta em reconhecimento aos garçons que lhes atendiam e é por isso que as duas categorias passaram a compartilhar sua data comemorativa”.
DIAS CONTADOS
“Esta é uma profissão que está acabando”, preocupa-se José Roberto. De acordo com o que vê no seu dia a dia, muitos interessados em trabalhar no Tékinfin desistem quando sabem que as vagas disponíveis são para atuar como garçom. Ele não sabe dizer, exatamente, porquê isso acontece; quem sabe seja uma questão de ter ou não aptidão para estar disponível ao cliente, para atender o seu chamado na mesa… “Ser garçom significa ter maior convívio com as pessoas, conversar com o cliente, fazer novos amigos todos os dias”, afirmou.
Martinelli começou a trabalhar no restaurante como balconista, em seguida foi para a cozinha. “Ali eu trabalhava às terças-feiras e sextas-feiras; quando saía um prato alguns balconistas tinham vergonha de servir ao cliente. Então, eu fazia o prato e ia servi-lo à clientela… e fui ‘pegando gosto’ pela atividade”. Ele considera que ser garçom é, de fato, uma profissão e não apenas um ‘bico’, como muita gente faz até conseguir o emprego que deseja. “É uma atividade em que a gente faz muitos amigos, com certeza!”, finalizou.