Bispo diocesano Dom Eugênio Barbosa Martins fala sobre o ‘Dia do Sacerdote’

Por Clovis Vieira
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Para registrar a passagem do Dia do Sacerdote, comemorado em 4 de agosto, a reportagem do O MUNICIPIO conversou com o bispo diocesano Dom Eugênio Barbosa Martins. Nascido em 5 de setembro de 1960, na cidade de Araguari (MG), Dom Eugênio fez sua profissão religiosa na Congregação do Santíssimo Sacramento (SSS) em 25 de janeiro de 1984 e foi ordenado padre em 9 de dezembro de 1989.

Sacerdócio: Dom Eugênio junto ao brasão da Diocese de São João da Boa Vista (Clovis Vieira/O MUNICIPIO)

O MUNICIPIO – Qual é a função de um sacerdote?

Dom Eugênio – Ela tem uma amplitude muito grande. Se pensarmos no sacerdócio a partir das paróquias, ali ele é o representante do bispo e tem a função pastoral, esse pastoreio significa ajudar os cristãos, leigos, católicos, a viverem as dimensões específicas da doutrina da Igreja, mas, essencialmente, do Evangelho. Nas paróquias, o sacerdote exercerá o seu papel de educar na fé, de solidariedade com os necessitados e da liturgia, da parte do culto.

Junto ao fiel, a função do sacerdote é, essencialmente, de acolhida. Porque a inspiração do pastoreio vem da própria presença de Jesus, pois primeira coisa que Ela fazia diante de todos os que O procuravam era a acolhida. Esta acolhida se traduz em acompanhamento espiritual ao ministrar o sacramento da confissão, que é uma de suas expressões mais bonitas, que é trazer o perdão de Deus, a misericórdia de Deus para as pessoas. O sacerdote também estará atento às necessidades materiais do fiel, pois a solidariedade se estende até a assistência aos mais pobres. Ele estará presente na indicação de caminhos de crescimento da fé.

O MUNICIPIO – A atualidade com suas novas provocações, trouxe novos desafios aos sacerdotes?

Dom Eugênio – Naturalmente, a rapidez com que a sociedade está mudando, ela traz inúmeros desafios para instituições milenares como a nossa. Estamos muito marcados por um tipo de comportamento e que, pela amplitude dessa nossa instituição, as mudanças também precisam ser muito aprofundadas, muito refletidas, para que nós não entremos nos modismos. É um primeiro elemento que coloca o sacerdote como uma representação de uma instituição, já que nenhum padre fala em nome de si mesmo.

Nesse aspecto, o que fazemos a partir da inspiração do Concílio Vaticano II, que aconteceu entre os anos 1962 e 1965, é trazer a Igreja como uma resposta aos desafios do momento presente. Esta é a grande missão que a Igreja tem; as pessoas mudam, a sociedade muda e a nossa instituição tem que trazer novas respostas às novas perguntas. Nesse sentido, o padre é chamado a estar muito atento a fazer uma reflexão do que seja um certo modismo das transformações, perante o que é essencial ao crescimento do ser humano.

O MUNICIPIO – Quais são as dores e as delícias de ser um sacerdote?

Dom Eugênio – A grande delícia de ser um sacerdote é a identificação com a pessoa de Jesus. Nós não estamos falando simplesmente de uma função de serviços e trabalhos que o sacerdote tem, mas de uma identificação. Nós também utilizamos a expressão ‘configurar nossa vida’ à pessoa do Cristo. O sacerdote é aquele que será essa presença do Cristo em todas as realidades. Então, o nosso grande prazer, a nossa grande delícia é ser esse senhor Jesus servidor diante das pessoas.

E, depois, o limite: como São Paulo nos recorda, nós carregamos esse grande tesouro em vasos de barro. Na nossa formação para sermos padres, a realidade humana, hoje, é fundamental ser conhecida e trabalhada. A atual formação dos sacerdotes está sempre muito aberta à ajuda de todas as ciências modernas, sendo uma delas a evolução da própria ciência humana através da Psicologia, da Antropologia, que ajudam a melhor estruturar os padres. Hoje, eles são muito mais solicitados para dar respostas a um campo vastíssimo de necessidades. Então, o nosso grande limite é quando nós não damos conta de integrar todas essas realidades com as histórias pessoais que nós carregamos e que, nem sempre, são as mais bonitas.

Dom Eugênio finaliza esse encontro com a reportagem do jornal O MUNICIPIO, citando Dom Claudio Humes: ‘A Igreja caminha com os pés dos sacerdotes’. “Se quisermos, mesmo, perceber como a Igreja caminha, precisamos olhar a atuação dos sacerdotes, porque estão presentes de modo direto na ação pastoral, no contato com a pessoas”.

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