Por Clovis Vieira
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Atuantes em tempos passados, os mecenas estão em falta para agilizar projetos culturais e artísticos que os próprios artistas não conseguem bancar. Por isso, surpreende a doação de prédio em Poços de Caldas (MG), estimado em R$ 25 milhões, ao Fundo Patrimonial da Universidade de São Paulo (USP). O objetivo é financiar bolsas de permanência estudantil naquela instituição. O benefício foi incluído no testamento do antropólogo Stelio Marras. Esta é a maior contribuição que o Fundo Patrimonial já recebeu até então. O prédio doado abriga, há muitos anos, o Cine Ultravisão, na rua Rio Grande do Sul, na cidade mineira.
“Se eu morrer amanhã, o prédio vai ser imediatamente transferido para esse fundo da USP, que vai bancar com os dividendos dessa doação, bolsas de permanência estudantil para cotistas, sociais e raciais, como se diz hoje, para grupos em torno social, economicamente minoritários e vulneráveis”, contou Stelio Marras, em entrevista à EPTV, afiliada Globo. Marras já foi aluno da USP e hoje, além de professor, também atua no Instituto de Estudos Brasileiros (IEB).
A doação já está no testamento dele. O imóvel deverá ser usado integralmente para a concessão de bolsas de permanência estudantil, que devem garantir que grupos minoritários não abandonem as salas da universidade e consigam concluir seus cursos. “A expectativa é essa, de que doadores, doadoras, tenham mais a cara a público e se orgulhem, apesar de todas essas dificuldades de vir a público e ficar tão exposto”, disse Stelio. “E eu só aceitei fazer isso, porque colocando-se publicamente, a expectativa é que isso estimule mais doações e também estimule a sensibilidade às questões que são tão prementes para nós no Brasil”.
DOADORAS
São João também tem um impressionante histórico de doações, registradas na história da cidade, feitas por mulheres notáveis: Carolina Malheiros, Tita Oliveira e Rosinha do Bilú. Acompanhe.
Carolina Malheiros – Dona Carolina Augusta Malheiros deixou em testamento 30 contos de réis para a construção de uma Santa Casa de Misericórdia em São João da Boa Vista. Era uma vultosa quantia, já que na cidade de Mogi Mirim, para um prédio similar, houve a necessidade de se apelar ao governo provincial, que concedeu apenas 12 contos de réis. No dia 13 de maio de 1891, a pedra fundamental da Santa Casa foi lançada, cuja inauguração ocorreu em 6 de agosto de 1899.

Tita Oliveira – Maria Ignês da Silva Oliveira (Dona Tita) foi a responsável pela criação, em 1969, do Museu Histórico e Pedagógico ‘Dr. Armando de Salles Oliveira’, a partir da doação feita em testamento. O núcleo original do Museu é composto por peças colecionadas por Dona Tita, um acervo eclético baseado em peças históricas de sua família, somando-se aos presentes de amigos ou peças adquiridas em suas viagens pelo Brasil, Europa e Ásia, na primeira metade do século XX.

Rosinha do Bilú – Maria Ferreira da Costa, que ficou conhecida como ‘Rosinha do Bilú’, legou partes de sua fortuna para instituições de caridade sanjoanenses, de acordo com testamento lavrado em 1976, no Cartório do 1º Ofício. Entre elas, o Lar Santo Antônio, o Centro Social São Benedito, o Lar Meimei, o Asilo São Vicente de Paula, a Santa Casa de Misericórdia, a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) e o Lar Carbonato, do município de Santa Rita do Passa Quatro.

(Fonte: Logradouros de São João da Boa Vista, de Rodrigo Falconi, 1ª edição. 2010)