Por Ana Paula Fortes
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Estudo divulgado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que as mortes por hepatites virais estão aumentando em todo o mundo, passando de 1,1 milhão em 2019 para 1,3 em 2022, mesmo número de mortes causadas pela tuberculose, que ocupa o primeiro lugar no ranking.
O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, acredita que o aumento se deve ao pequeno número de pessoas com acesso ao diagnóstico e tratamento adequado.

A entidade destaca que a quantidade de pacientes em tratamento estagnou mesmo com ótimas ferramentas para o diagnóstico e com tratamentos disponíveis. Estima-se que 254 milhões de pessoas vivam com hepatite B e 50 milhões com a hepatite C.
No Brasil, de 2000 a 2021, foram notificados 718.651 casos confirmados de hepatites virais. Segundo o Ministério da Saúde, a maior porcentagem corresponde a pacientes com hepatite C, 38,9%, seguidos pela hepatite B, 36,8%.
As hepatites B e C são as principais causas de doença hepática crônica, cirrose hepática e carcinoma hepatocelular.
A doença
Hepatite é o nome que se dá a um tipo de inflamação do fígado que pode ter causas diversas, seja vírus ou bactérias e até mesmo pelo consumo excessivo de substâncias como drogas, bebidas alcoólicas e certos tipos de medicamentos. Os tipos de hepatite mais conhecidos são: A, B e C.
Por serem doenças silenciosas podem causar danos severos ao fígado e, se não forem detectadas e tratadas a tempo, podem levar a complicações graves, incluindo cirrose e câncer.
Os tipos de hepatite estão relacionados aos agentes causadores da inflamação no fígado. A hepatite ‘A’, por exemplo, pode ser transmitida por consumo de água e alimentos contaminados ou de uma pessoa para outra. A doença normalmente não causa sintomas, porém, quando presentes, os mais comuns são: febre, pele e olhos amarelados, além de náusea, vômitos, mal-estar, falta de apetite, urina de cor escura e fezes esbranquiçadas.
Segundo especialistas, não há um tratamento específico para esse tipo de hepatite, o próprio organismo é capaz de combater sozinho à doença, utilizando medicamentos apenas para os sintomas.
A prevenção se dá por meio da vacina (HAV), indicada conforme o estabelecido pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI). Além disso, a adequação do saneamento básico, tratamento adequado da água, alimentos bem cozidos e higiene constante das mãos.
Hepatite B
Causada pelo vírus HBV a hepatite ‘B’ pode se desenvolver de forma aguda, até 6 meses, ou crônica, quando persiste por mais de 6 meses. A forma crônica requer mais atenção, já que pode evoluir para doenças como cirrose e câncer primário do fígado.
O contato sexual com pessoas infectadas pode contaminar pessoas não vacinadas. Outros meios de contaminação, são: uso de objetos cortantes contaminados ou uso de drogas injetáveis.
O teste que identifica se o paciente está com a doença é oferecido gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) sem a necessidade de pedido médico. Ele define se a pessoa já teve a hepatite B e está curada, se está com a infecção crônica ou se nunca entrou em contato com o vírus.
A prevenção pode ser feita da seguinte forma: uso de camisinha em todas as relações sexuais, o não compartilhamento de objetos de uso pessoal, como lâminas de barbear e depilar, escovas de dente, material de manicure e pedicure, equipamentos para uso de drogas, o desenhar de tatuagem e a colocação de piercings.
Hepatite C
A hepatite ‘C’ é causada por um vírus HCV, que se encontra principalmente no sangue, estando pouco presente em outros fluidos corporais.
O tratamento da hepatite C é feito com os chamados antivirais de ação direta (DAA), que apresentam taxas de cura de mais 95% e são realizados, geralmente, por 12 ou 24 semanas. Os DAA revolu-cionaram o tratamento da hepatite C, e possibilitam a cura da infecção na maioria dos casos.
Todo o tratamento pode ser realizado pelo SUS, nas unidades básicas de saúde, sem a necessidade de consulta na rede especializada para dar início ao tratamento. O médico, tanto da rede pública quanto suplementar, poderá prescrever o tratamento seguindo as orientações do Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Hepatite C e Coinfecções.
É importante lembrar que toda mulher grávida precisa fazer o pré-natal e os exames para detectar as hepatites, a aids e a sífilis, pois esse cuidado é fundamental para evitar a transmissão de mãe para filho.