CLINEIDA JUNQUEIRA JACOMINI
Para minha querida amiga Célia Regina, viva e boa da cabeça como sempre!
Eta palavrinha difícil, mas tão importante. Minha filha é mestra em fazer associações, exatamente o que significa a expressão acima. Isso nos permite, através de ligações lógicas ou mesmo somente sonoras ou gráficas, trazer à lembrança, fatos, palavras, pessoas… à nossa mente e memória já meio senil e/ou falha. Por exemplo, para se lembrar do molho bechamel que ela certamente nunca iria se lembrar, associou abelha e mel. Taí: não se esquece mais. A esse respeito, me contou ela que quando toda a turma de amigos foi passear lá por Minas, em Caxambu, São Tomé das Letras, Cruzília… uma colega de São Paulo, que nunca tinha ido para aqueles lados, e é até hoje meio desligada, ficou apreensiva. Num carnaval, com as cidades lotadas de gente, como faria para se lembrar de onde estavam, caso se perdessem uns dos outros? Minha filha logo resolveu a questão. Eles estavam hospedados em Baependi, numa chácara. Então ela disse: _Não se esqueça; pense que você errou, teu pai lhe deu uma bronca; aí você falou pra ele: _Pai, me arrependi! Não deu outra: a certas horas, no meio daquele povão todo, ela se perdeu. Para quem pediu ajuda, ao ser perguntada onde estavam hospedados os seus amigos, ela imediatamente respondeu: _Pai, me arrependi! _Ah! Em Baependi? É aqui pertinho! E a levou até lá. E assim vamos indo cada vez mais falhas quanto à memória e tudo o mais. As juntas doem, quando se levanta e, impreterivelmente, se geme também… E não é de prazer como antigamente. Não se enxerga; nem se ouve; nem se anda! Nada é feito como antigamente; bem!
Outro dia comi algo que não me fez bem. Uma dor de estômago danada… E era puro ar que foi engolido e ali ficou pasmado no estômago sem sair e provocando dor. Pois não é que no dia seguinte e nos demais eu não comia com medo de sentir a tal sensação de novo!!! Assim ficam as pessoas que são mais frágeis e doentias. Têm medo de tudo e ficam com umas manias esquisitas. E nós, que não temos problemas de saúde e somos mais sadias ficamos malhando as coitadas. Cada um é diferente dos demais e tem lá suas idiossincrasias, (eta palavrinha bonita, difícil e excelente para explicar, se é que tem explicação, nossas esquisitices e manias).
Voltando ao tema memória, tive um professor em São Paulo que, apesar de todos na classe acharem meu nome esquisito e difícil, nunca errou o tarr! Contou-nos ele que para se lembrar, logo que me via, já me associava a Virgílio e sua Eneida. Se não fizermos associações benéficas, como guardar tanta informação nesse dia a dia moderno e conturbado? Tem gente que escreve nas palmas das mãos para se lembrar! Abomino isso! Que sujeira! Têm outras que anotam nos celulares; mas, e se pifarem como todas as máquinas, um dia? Eu anoto tudo nas agendas compradas a cada ano novo! Mas tudo, tudo, mesmo! O que fiz; o que paguei; o que comprei; o que senti… e isso tem-me sido extremamente útil! Então posso dizer sem sombra de dúvida que meu processo mnemônico é assás tradicional e antigo… Mas, o importante é que funciona!