Por Mariana Mendes De Luca | @marianamdeluca
O vinho é, em minha opinião, a bebida mais democrática que existe! Nós que insistimos em deixá-lo complexo (e as vezes chato). “E aí, me conta o que você achou desse vinho?” Meu caro, às vezes eu só estou afim de ser feliz com o meu vinho, o nome disso é: confraria! Para reunir os amigos em volta da mesa e tomar um vinho é necessário o vinho que melhor agrada a todos e não um conhecimento técnico sobre ele.
Uma coisa é fato, ninguém quer provar um vinho ruim (principalmente se custar caro), mas o “ruim” é relativo. E o legal de aprender sobre vinhos é exatamente isso, o nosso “ruim” vai mudando conforme tomamos mais vinho, pois como dizem os sommeliers “Para se conhecer de vinho é necessário litragem!” deixando claro que quanto mais se prova, mais conhecimento se adquire, já que aprender sobre vinhos é um caminho sem volta e sem fim.
Só que é engraçado como sempre temos alguma curiosidade para trazer à mesa quando estamos bebericando uma boa garrafa de vinho e dito isto, não descumprirei a regra. Vou mergulhar na temporada de inverno que lotam cidades como Campos do Jordão (SP) e afins, com seus especiais de fondue de queijo acompanhados de um belo vinho tinto.
Por enquanto eu aposto que ninguém notou nada de “errado”, mas com certeza um bom sommelier já teria tirado a garrafa da mesa e a substituído por um vinho branco.
Sim, o vinho tinto não é o melhor acompanhamento para uma fondue de queijo, desde quando o prato surgiu na Suíça lá no século 17, época em que o país passava por uma escassez devido às batalhas de unificação e o povo comia o que tinha: queijo! Produzido em abundância, eram fundidos em uma panela e acompanhados por pães velhos.
Hoje, um prato muito aclamado por quem quer aproveitar o (pouco) frio que temos no nosso País e viaja para cidades onde as baixas temperaturas prevalecem, mas agora, claro, com um vinho branco que, depois de testar, pude ver que realmente faz muito sentido equilibrar toda a gordura do queijo com a acidez de um bom Chardonnay por exemplo.
Isso se dá porque, para fazer frente a todo leite e gordura que uma fondue de queijo tem, é preciso um vinho com boa acidez. É como harmonizar um churrasco de uma carne bem gordurosa a um vinho de tanino intenso, daqueles que amarram a boca; a gordura vai lubrificar esse tanino. Esse tipo de harmonização é conhecido com o nome de Harmonização por Contraste, onde os sabores se complementam por serem opostos.
E é daí que vem as harmonizações mais improváveis como, por exemplo, tomar champanhe e comer torresmo.
Mas se você não abre mão de um bom vinho tinto, não sou eu quem vai deixar sua prova chata. No caso de uma fondue de queijo, mantenha a escolha de um vinho com boa acidez e pode até se arriscar em um leve frutado, que vai nos levar a um bom Pinot Noir.
O que vale, aqui, é entender que, no mundo do vinho, todos podem se aventurar, porque o importante mesmo não é ser um sommelier na mesa do bar; o que importa, ali, é a confraria que só o vinho proporciona.
Um brinde à bebida mais divertida de ser degustada e até a próxima taça!