Despertar

MARLY CAMARGO
Cadeira nº 6 – Patrono: Mário Quintana

(Arte Gráfica/Mister Blick)

Na última semana, um dos meus netos me pegou de surpresa com uma pergunta inusitada: “Vó, o que é a Terceira Guerra Mundial?”. A sinceridade e curiosidade daquela pergunta me fizeram refletir sobre como abordar temas tão complexos, de uma forma que fosse compreensível. E a resposta não me veio tão facilmente assim.

Mas, afinal, respondi que nosso planeta se tornou palco de uma guerra diferente de todas as outras. Não entre nações rivais, mas entre a humanidade e a própria mãe –a mãe natureza–, que reage com “armas” das secas, tsunamis e furacões. E que a natureza, cansada de sofrer calada as invasões, queimadas e devastações, resolveu se rebelar e medir forças com os homens.  Não mais apenas em um cenário poético, como na fábula de Esopo em que o sol e o vento fizeram a aposta de quem seria capaz de fazer o homem tirar o seu chapéu mais depressa. No mundo real, a natureza revelou suas garras e lançou sobre o mundo todas essas catástrofes climáticas de que atualmente se tem notícia. É como se ela estivesse dando um basta, “Chega de abuso, pessoal!”. Expliquei ao neto, inteligente e questionador, que o aquecimento global não é só coisa de ambientalista: é algo muito sério, que traz consequências extremamente danosas! Diante daquele olhar atento, chamei-o para acordar, pois, se olharmos a tragédia climática que se abate sobre o Rio Grande do Sul, perceberemos os gaúchos como náufragos no Titanic da vida moderna.  O Estado teve a chance de fazer a coisa certa, uma estrutura de contenção com bombas d’água que poderiam evitar –ou atenuar- esse desastre. Porém, o homem preferiu uma simples tampa de ferro… agora, é consertar o prejuízo, o que levará anos e anos. Para acalmá-lo, lembrei que nem tudo está perdido. Terceira Guerra Mundial? Eu o recordei que quando naquele onze de setembro, um avião terrorista se chocou propositalmente contra um prédio, em Nova York, ele nem sonhava em nascer. E naquele dia, cogitou-se a Terceira Guerra.  Agora, ele pode acompanhar a situação da Rússia e da Ucrânia, de Israel, Palestina, Hamas e tantos outros nomes complicados, que se resumem numa só palavra: guerra.  É preciso “arrumar a casa” e, que tal aproveitar essa tragédia no Rio Grande do Sul pra refletir sobre como estamos levando a vida? Não somos imortais, não somos invencíveis. É hora de cuidar do nosso planeta, antes que ele decida nos dar as costas. Como diz Beto Guedes, “vamos precisar de todo mundo. Um mais um é sempre mais que dois”. Voltando ao meu neto, incentivei-o de que Terceira Guerra, só se for a “Guerra dos Meninos”, com mãos unidas e conscientes de que, juntos, poderemos evitar novas tragédias. “Hoje eu tive um sonho/ que foi o mais bonito, que eu sonhei em toda a minha vida. Sonhei que todo mundo vivia preocupado, tentando encontrar uma saída. Quando em minha porta alguém tocou. Sem que ela se abrisse, ele entrou”.

Sim, meu querido Henrique, é dentro de nós que estão depositadas as principais armas para fazer “as flores vencerem canhões”.

Ao olhar para ele, um sorriso esboçou… Acredito que tenha entendido…

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