Afinal, existe champanhe no Brasil?

Por Mariana Mendes

Em terra que se produz excelentes espumantes, insistimos em chamá-los de champanhe, porém não são. A história dessa bebida é longa e há controvérsias que vem se confirmando séculos depois da sua descoberta. Afinal, foram mesmo os franceses que descobriram o champanhe?

A 150 quilômetros de Paris, no século XVII, um monge cego, hoje com o famoso nome de Dom Pérignon recebeu a ordem de encontrar um meio de eliminar as bolhas que, no entendimento da época, estragavam o vinho local. Esses vinhos até então, eram vinhos clássicos e famosos por sua excelência. O estranho brilho que faiscava nos vinhos da Champagne preocupava os vinhateiros pois pensavam que eram frutos das frentes frias. Se Dom Pérignon na época tivesse conseguido destruir as bolhas que explodiam tantas garrafas, o champanhe francês teria terminado antes mesmo de começar.

E em meio a todas essas tentativas, os ingleses que eram grandes consumidores de vinhos franceses, tentavam impedir que o vinho que atravessava o Canal da Mancha em barris importados da região de Champagne, não se transformassem em um vinagre caríssimo. Passando assim a engarrafar o vinho após sua chegada, pois a Inglaterra já fabricava vidros bem mais resistentes. E nessa tentativa de preservar a bebida, provocaram involuntariamente a segunda fermentação necessaria à produção do espumante. Tornando assim a teoria de que o champanhe foi criado na França uma controvérsia que vem ganhando mais força conforme se é estudada.

Quando esse vinho borbulhante caiu nas graças da alta corte francesa, os dois países tentavam produzir mais bolhas aos seus vinhos, até que o rei da França Luis XIV para satisfazer sua predileção pelo espumante, concedeu a região de Champagne, licença exclusiva para vender o vinho em garrafas.

Até hoje as leis determinam que apenas vinhos produzidos na região de Champagne na França, são de fato, o champanhe e a sua fabricação precisa ser por meio de três variedades de uvas: as pretas pinot meunier e pinot noir, e as brancas Chardonnay.

Mas o champanhe daquela época nada tem a ver com o que brindamos hoje, antes era incrivelmente doce, fazendo um comparativo com os nossos espumantes atuais, temos o espumante demi-sec considerado o mais doce do mercado, com 20 gramas de açúcar por garrafa, naquela época o champanhe chegava a ter 200 gramas de açúcar residual na mesma proporção. Também diferentemente de hoje, era servida tão gelada que por vezes, formava cristais de gelo dentro das taças.

Se os ingleses descobriram o champanhe, talentosos franceses descobriram como o vender para o mundo, tornando assim uma bebida conhecida por gerações e gerações. Hoje ao caminhar pelas avenidas das cidades da região de Champagne, caminhamos sob as imensas caves das casas de champanhe que temos ali, garantindo que cada rolha que estoura e forma o brilho da espuma borbulhante, sejam significados de comemoração em qualquer lugar do mundo por mais muitas gerações.

Um brinde à bebida mais elegante do mundo e até a próxima taça!

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