Por Clovis Vieira
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Pesquisa feita em 2019 pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil já dava a ideia da popularidade das plataformas online entre crianças e jovens do país. O levantamento apontou que 89% da população de 9 a 17 anos estava conectada, o que representava 24,3 milhões de crianças e adolescentes. Desses, 95% (ou 23 milhões) usavam o celular como o principal dispositivo para acessar sites e aplicativos.
A mesma pesquisa revelou que 43% dos jovens brasileiros já testemunharam episódios de discriminação online. As meninas são as mais impactadas por conteúdos prejudiciais: 31% foram tratadas de forma ofensiva, 27% acabaram expostas à violência e 21% acessaram materiais sobre estratégias para ficar muito magra. A prática do bullying em ambientes virtuais, o cyberbullying, é uma violência constante, uma perseguição por meio de canais de comunicação.

VALORES FAMILIARES
No ambiente escolar, onde crianças e jovens passam grande parte do seu tempo, essa realidade pode ser melhor controlada. “Durante os intervalos, incentivamos que guardem os celulares, conversem diretamente, brinquem, caminhem e não fiquem tanto tempo ‘vidrados’ na tela, como muitas vezes acontece no restante do dia”, informou Michele Jacob, diretora pedagógica do Experimental Integrado.
Como mãe, a visão de Michelle sobre o uso de celulares na escola, mesmo em tempo livre, é de que deve ser compatível com os valores que cada família acredita, já que cada uma vai saber o momento ideal para entregar um celular na mão dos seus filhos. “Há necessidades específicas, valores diferentes e visões de mundo únicas; na escola, entretanto, há um lado muito positivo: a tecnologia é um elemento fundamental para tornar o aprendizado ainda mais significativo e válido para os alunos”, disse.
TRABALHO CONJUNTO
A diretora pedagógica propõe que não se deve deixar o celular livre nas mãos das crianças, principalmente das menores, porque isso pode ser muito prejudicial para o desenvolvimento nessa faixa etária. “É muito importante controlar também os conteúdos acessados, isso cria nas crianças um critério do que devem assistir, compartilhar, curtir ou acessar”, afirmou. Sem um acompanhamento da família, ela afirmou, é muito fácil as crianças criarem valores e referências negativas em relação à vida ou ao momento que estão vivendo.
A equipe do colégio entende que escola é um ambiente propício e fundamental para essas relações se estabelecerem, para os alunos aprenderem com elas, desenvolverem habilidades de convívio e, inclusive, de mediação de conflitos, que são naturais dentro de qualquer relação social. “É muito importante os pais verificarem os celulares de seus filhos para perceber rapidamente qualquer tipo de inadequação de conduta, de conteúdo ou acesso a plataformas incompatíveis com sua faixa etária. É um trabalho conjunto de conscientização da escola e das famílias”, concluiu.