Por Clovis Vieira
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O Dia Mundial da Alfabetização foi instituído em 8 de setembro de 1967 pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Aqui no Brasil, comemora-se em 14 de novembro.
O site da Fundação Abrinq aponta que “Este dia serve como um lembrete de que o acesso a uma educação de qualidade e a aquisição das habilidades de leitura e escrita não são apenas prerrogativas fundamentais, mas também os pilares essenciais na construção de um futuro promissor”. Mas o que mudou nessas décadas recentes no campo da alfabetização?
CARTILHAS
Sandra Consentino, 60, atuando no magistério há 25 anos, afirma que “houve mudanças, sim, no processo de alfabetização das nossas crianças, em comparação a algumas décadas, mas foram mudanças para melhor”. Alfabetizada nos anos 1970, a professora recorda o uso das cartilhas com o be-a-bá, com as quais as professoras da época “faziam o melhor que podiam”. Reconhece que hoje há muito mais ‘ferramentas’ para trabalhar e que as crianças são muito mais estimuladas, pedagogicamente falando.
A profissional faz parte daquela geração que não iniciou a alfabetização em pré-escola, já que as crianças daquela época entravam diretamente no 1º ano. “Eu percebo que, hoje, os aluninhos começam mais cedo e, com os estímulos corretos, nós conseguimos muito mais delas em termos de aprendizado”. Sandra ainda afirma que as crianças da atualidade estão sendo melhor preparadas para a realidade que avança em alucinante velocidade.
Há 12 anos aplicando seus conhecimentos na escola Anglo, ela diz lançar mão de diversos métodos diferentes “que facilitam o aprendizado infantil, preparando as crianças para tudo, com todas as habilidades e nós percebemos que todas as competências desabrocham nesse processo”. Apesar da quantidade de informações que uma criança recebe hoje na pré-escola, a professora avalia que não há uma sobrecarga e que cabe ao docente respeitar o tempo de aprendizado de cada aluno.
QUEDA
Apenas 4 em cada 10 crianças do 2º ano do ensino fundamental estavam alfabetizadas no país em 2021. É o que mostram os resultados inéditos da pesquisa Alfabetiza Brasil, do Ministério da Educação (MEC). Os dados foram apresentados em maio deste ano, em Brasília, durante um evento com o ministro da Educação, Camilo Santana, e o presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Manuel Palacios.
O levantamento mostrou, ainda, uma queda na porcentagem de alfabetização infantil em comparação com 2019, quando mais de 6 crianças em cada 10 eram consideradas alfabetizadas. “Sabemos que quando uma criança não se alfabetiza na idade certa, aumenta a evasão, aumenta a reprovação, aumenta a desistência. Estamos perdendo milhões de jovens e crianças no país que precisavam ter o direito de estar na escola, de garantir a conclusão do ensino básico completo”, afirmou o ministro da Educação, Camilo Santana naquele evento.