Perfil: Victor Alcará fortalece tradição da natação sanjoanense

Por Clovis Vieira
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Quase duas semanas após vencer a equipe de revezamento dos Estados Unidos no 4×100 livre masculino, um dos integrantes do quarteto brasileiro, o nadador sanjoanense Victor Alcará experimenta sentimentos quase opostos. Ao mesmo tempo em que se dedica aos treinos no Esporte Clube Pinheiros, focando sua atenção nas competições que vêm por aí, ele vibra com as alegrias da vitória e dribla a saudade de casa.

“Eu sinto muita falta de minha família; hoje mesmo eu liguei para a minha avó, estava com muita saudade dela, faz uns dois meses que eu não a vejo”, confessou. Nesses momentos ‘de aperto’, ele sai com seus novos amigos, também atletas, para socializar e superar as saudades. São jovens como ele, vindos de Rondônia, do interior de Minas Gerais, do sul do País… “Iguais a mim, que vim do interior para São Paulo, eles estão nesse mesmo esquema e todo mundo acaba se identificando e se unindo por um bem maior”.

HISTÓRIAS

Com este triunfo, o jovem de 23 anos fortalece e faz brilhar ainda mais uma tradição importante para São João: as inúmeras conquistas obtidas por atletas de ambos os sexos na natação competitiva, que acontecem desde os anos 1950. A repercussão de sua vitória gerou histórias interessantes e engraçadas: “Quando liguei para minha avó, ela contou que, ao fazer compras num hortifrúti de Águas da Prata, comentou com a proprietária do local que precisava voltar logo para casa, pois iria assistir ao seu neto nadar”.

Ao ouvir essa declaração, a dona da quitanda teria comentado: “Sério? Seu neto gosta de nadar? Então, que ele continue firme porque, quem sabe um dia, ele seja um atleta igual ao Alcará, de São João!” É claro que, naquele momento, a avó contou à amiga que ela era e ambas riram da coincidência. Apesar do sucesso atual e do apoio familiar, Victor ainda não tem certeza de que a natação seja o seu projeto de vida, para o resto da vida. “A gente sabe que o atleta tem uma ‘vida útil’ com tempo limitado; é claro que hoje esse tempo se estendeu bastante, mas eu estudo muito, tenho os meus planos de futuro e, quem sabe, outros caminhos a seguir”.

PROJETOS

Os caminhos citados por ele continuarão levando-o, com certeza, em direção ao esporte. “Eu tenho muita vontade de organizar um projeto em São João, o lugar onde eu comecei: a cidade é um ‘berço’ de muita gente que nada bem e que precisa de incentivo. Eu penso que se a gente cavar bem, vai achar muito ouro”, afirmou. Sua expectativa é criar um projeto de cunho social que possa descobrir talentos e criar oportunidades a jovens com baixo poder aquisitivo, oferecendo apoio para que possam desenvolver suas aptidões.

Se hoje Victor atua no esporte e pensa em projetos futuros, nem sempre experimentou essa segurança e tranquilidade. Sendo filho único, o fato de sair do clube onde nadava, sair da família e sair de sua cidade em busca de um sonho foram decisões muito difíceis. “Para minha sorte, meus pais reagiram muito bem às minhas escolhas, sempre me apoiaram e abriram a oportunidade de voltar para casa, se eu precisasse. Eles sempre me tranquilizaram dizendo que as portas da minha casa estariam sempre abertas. Por isso, eu só tenho que agradecer aos dois o apoio que me dão como pessoa e como atleta”, finalizou.

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