Por Marcelo Gregório
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Na sessão da Câmara Municipal de São João da Boa Vista desta segunda-feira (11), outra vez, o assunto que envolve a falta de vários tipos de medicamentos na rede pública voltou a ocupar espaço no plenário.
Na semana anterior, o diretor do Departamento de Saúde, Fábio Ferraz, já havia comparecido ao Legislativo e admitido aos vereadores que procede a dificuldade relatada por usuários nas 14 Unidades Básicas de Saúde (UBSs). “Nós estamos sofrendo sim, com o desabastecimento [de remédio]. Não é só São João, mas sim, todos os municípios. Não temos medido esforços para resolver esse problema”, assegurou Ferraz.
A mesma sessão reuniu a diretora do Departamento Regional de Saúde (DRS-14), Patrícia Magalhães Teixeira, que explanou sobre o sistema de regulação Cross (distribuição de pacientes a unidades hospitalares), e o provedor da Santa Casa de Misericórdia ‘Dona Carolina Malheiros’, Francisco Antonio Alves, que emitiu informações a respeito de contratos firmados com a Prefeitura de São João para a realização de cirurgias no hospital.
SEM REMÉDIO NAS UNIDADES
Na edição de 2 de setembro, o O MUNICIPIO também havia publicado reportagem com denúncias de usuários revoltados com o baixo volume de remédios básicos nas unidades. Interrogado pelo vereador Junior da Van (PSD) sobre qual seria a solução da Prefeitura, Ferraz respondeu que o SUS está subfinanciado e, por isso, o Executivo não consegue arcar com as despesas apenas com recursos municipais. “Nós precisamos de dinheiro do governo estadual e federal. Para o senhor ter uma ideia, em 2021, nós distribuímos R$ 6,5 milhões em medicamentos no período de janeiro a agosto. Em 2022, esse número saltou para R$ 9 milhões. E agora, em 2023, [foram] R$ 9,9 milhões”, disse o diretor.
FILA DE EXAMES
Outro obstáculo enfrentado envolve o tempo de espera para que a população realize exames na rede pública. O vereador Mercílio Macena (PTB) solicitou que o diretor explicasse o motivo do atraso. Na ocasião, o diretor afirmou que a fila se estendeu ao longo dos anos em razão da insuficiência de recursos para a compra dos exames. “Nós estamos trabalhando para a previsão do orçamento do ano que vem, 2024. Já fiz a contabilização disso e vou precisar de R$ 2,5 milhões para zerar a fila de exames”, garantiu o responsável pela pasta.
Ferraz ainda reforçou aos vereadores que o número de pessoas em busca de atendimento na rede pública aumentou principalmente após a pandemia de Covid-19. “Estão deixando de ter plano de saúde e procurando o SUS, e a gente não consegue atender todas as pessoas como a gente gostaria, simplesmente, pelo fato do recurso financeiro”, explicou.
SEM REPASSE
Durante a sessão, o diretor mencionou aos vereadores que, além dos remédios necessários, a administração municipal passou a fornecer fórmulas infantis (leite) e fraldas geriátricas, suporte que há cinco anos não era de responsabilidade do SUS. “Temos que trabalhar da melhor maneira possível com o mesmo recurso que a gente tem, porque a gente não tem recebido mais dinheiro do governo federal e nem do governo estadual. O governo federal manda R$ 5,90 por habitante para assistência farmacêutica. Desse dinheiro, o governo estadual pega R$ 2 para fazer a compra de medicamentos do programa Dose Certa. Temos sofrido sim por esses vários motivos”, concluiu Ferraz.