Por Marcelo Gregório
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A ida de supostos pré-candidatos à Prefeitura de São João da Boa Vista (eleições 2024) a Aguaí no sábado (12) para acompanhar a visita do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), na entrega do Centro de Detenção Provisória (CDP), para 823 detentos, provocou revolta em vereadores que compõem a base da prefeita Maria Teresinha de Jesus Pedroza (União).
Conforme evidenciado na sessão ordinária da Câmara Municipal de segunda-feira (14), os principais motivos do incômodo envolveram a liberação do equipamento público de segurança, que, na visão dos oponentes, poderá tirar a tranquilidade de São João, em razão da proximidade entre as duas cidades, além da presença de políticos sanjoanenses que compareceram ao evento.
Ao usar a Tribuna, o presidente do Legislativo, Carlos Gomes (PL), expressou ser rigorosamente contrário ao funcionamento do CDP, e promoveu duras críticas a políticos sanjoanenses que foram a Aguaí. “Foi todo mundo lá tirar foto com o governador, bonitinho em rede social. Você viu alguém brigando lá para trazer mais carros de polícia para cá, reforçar o efetivo da Polícia Militar e o efetivo da Polícia Civil para cá? ”, questionou Gomes.
A vereadora Joceli Mariozi (PL) compartilhou a opinião do presidente da Casa de Leis. “É inaceitável termos um presídio [Sic.] aqui ao nosso lado, [e] mais inaceitável ainda é ver políticos [supostos pré-candidatos] apoiando isso com tanta veemência. Essas pessoas estão aplaudindo que se venha presídio [Sic.] para o lado da nossa cidade”, reclamou Mariozi.
VISITA
Nos bastidores, segundo apurado pelo O MUNICIPIO, tanto Legislativo quanto Executivo de São João afirmaram que não sabiam da visita do governador. Em resposta, a Prefeitura de Aguaí explicou que a presença de Tarcísio foi confirmada somente ao final da tarde da sexta-feira (11). Com o ‘sim’ do governador, os convites via e-mail e WhatsApp foram disparados às autoridades regionais. Embora não tenham comparecido, por já terem compromissos assumidos, as prefeitas de Águas da Prata, Regina Janizelo (PSC), e de Espírito Santo do Pinhal, Cristina Brandão (Podemos), confirmaram o recebimento do comunicado e enviaram representantes. Sobre o episódio, a informação é de que a prefeita Teresinha deve se posicionar ainda durante a semana.
MOVIMENTO REGIONAL
No plenário, Gomes foi enfático ao mencionar que não concorda com o CDP e que poderá articular um movimento na cidade e região para impedir o funcionamento, mesmo que o equipamento tenha sido decretado pelo governo paulista. “Eu sou contra. Tem jeito de corrigir? Não sei. Mas eu vou brigar com todas as minhas forças para que isso não aconteça. Eu votei no governador. [Mas] nessa hora, os vereadores têm que sair em defesa da família, dos filhos, dos idosos, porque São João não vai ser mais a mesma, com todo respeito a Aguaí, e as outras cidades”, classificou.
MEDO NA POPULAÇÃO
Embora o CDP de Aguaí tenha sido edificado há anos, o vereador da base aliada ao Executivo sanjoanense, Rodrigo Barbosa (PSB), perguntou no plenário se houve um estudo antes da construção. “Foi feito um estudo de impacto? Até que ponto a gente vai estar seguro? Como assistente social, tenho que execrar de preconceitos, os presos têm que ter seus direitos garantidos, mas por que [o CDP] na nossa região que é pacata?”, questionou Barbosa.
INAUGURAÇÕES
Além de formalizar o decreto do CDP, localizado na Rodovia Profº Boanerges Nogueira de Lima, entre Aguaí e Casa Branca, o governador inaugurou a Estação do Corpo de Bombeiros, o Sistema de Captação de Água do Rio Jaguari-Mirim, bem como a Estrada do Poletti.
A autoridade máxima do Estado também anunciou a implantação do Ambulatório Cirúrgico Regional e o Sistema de Esgotamento Sanitário do Córrego Maria Júlia. A cerimônia para todas as inaugurações foi realizada na Estação do Corpo de Bombeiros.
Diretor de Finanças é convidado a prestar esclarecimentos
Passados 45 dias, o novo sistema tributário da Prefeitura de São João da Boa Vista continua gerando altos índices de reclamações de contribuintes insatisfeitos.
Diante do imbróglio provocado na cidade, e sem prazo de resolução, o diretor do Departamento Municipal de Finanças, Diogo Leonel das Chagas, deverá comparecer à Câmara Municipal na segunda-feira (21) para esclarecimentos.
O sistema começou a ser alterado em 30 de junho. Dias depois, o Executivo alegou que a substituição havia sido concluída, mas a migração dos dados impediu a inserção de novas informações.
SEM O QUE FAZER
O construtor sanjoanense Fernando Doval disse à reportagem que está perto de ter que desembolsar R$ 35 mil, por causa de uma multa estipulada em contrato referente à venda de um imóvel no valor de R$ 350 mil. “Eu finalizei uma construção e fiz o contrato com a pessoa [compradora] para 90 dias, [ocasião em] que eu estaria entregando a documentação para dar entrada com o financiamento na Caixa [Econômica Federal]. O contrato do imóvel tem uma multa de 10%, caso eu não entregue a documentação a tempo de a pessoa ter a proposta aprovada na Caixa”, explicou Doval.
No dia 7 de agosto, o construtor disse que conseguiu fazer o pagamento da taxa do ‘Habite-se’, mas não conseguiu dar andamento ao serviço. “Falaram que voltou o sistema, mas, mesmo pagando parece que não liberou para fazer o restante. Se for ver, estou na marca d’água para sofrer prejuízo”, reclamou.
PRAZO EXTRAPOLADO
A promessa de retorno à normalidade era de 10 dias. Antes da mudança, três sistemas eram utilizados pela Prefeitura na área da tributação, porém, sem conectividade entre si, muito menos com o Setor de Contabilidade. O vereador Gustavo Beloni (Pode) disse que solicitou informações ao Executivo quanto ao cumprimento de prazos, eventual pagamento, reais motivos das falhas, soluções para os problemas e reparação de danos aos contribuintes. “Até a presente data não houve resposta e me manifestei no Plenário cobrando explicações. Foi aprovado um convite para que o diretor de Finanças compareça na próxima sessão para dar maiores explicações. Infelizmente, não há que se falar, a não ser incompetência do Executivo, tanto por implantar um sistema sem saber se iria funcionar, como pela ineficiência em corrigir tal erro”, concluiu Beloni.