Por Clovis Vieira
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Devido a uma queda em que sofreu um trauma na cabeça, o artista plástico sanjoanense Agnaldo Ferreira Manochio, 64, foi vítima de um Acidente Vascular Cerebral (AVC). Após avaliação médica, passou por cirurgia porque houve pequena hemorragia no cérebro. Mesmo passado um ano desta ocorrência, Manochio revela que ainda vem se adaptando às consequências do episódio, já que ficou com a mão esquerda paralisada.
Para a tranquilidade dele, este fato não interfere nas criações, mas sim na execução de algumas tarefas. “Eu percebo, hoje, a falta que faz uma mão esquerda auxiliando na realização de muitas coisas no meu dia a dia. Até para folhear um livro ela faz falta. Aliás, ela faz mais falta do que a maioria das pessoas pensa e descobri isso agora”, destacou. De acordo com ele, a recuperação tem sido muito boa, com exceção da mão esquerda, que ainda não obedece aos comandos do cérebro.
Uma das descobertas é que, atualmente, Manochio é muito mais hábil em realizar tarefas somente com a mão direita, do que fazia antes com as duas mãos. “Minha não esquerda está evoluindo para a normalidade, é um processo mais lento. Os médicos me disseram que a recuperação nas mãos é um processo mais lento. Eu me recuperei quase que totalmente das outras falhas que surgiram, como nas pernas, na fala… que normalmente acontece em casos assim”, contou.
BICO-DE-PENA
Embora seja oficialmente um designer gráfico, criando o visual para capas de livros e produzindo peças publicitárias, Manochio já atuou no jornal O MUNICIPIO e em algumas empresas na cidade, antes de abrir o próprio estúdio e atender a demanda da região. “O Agnaldo artista plástico vem comigo desde a infância, antes de escrever, eu desenhei. Na escola, eu desenhava o professor!”, revelou.
Entre as influências artísticas estão o ilustrador francês Gustave Doré e o pintor e gravurista holandês Rembrandt. O artista conta que, graças à internet, tem acesso aos muitos artistas jovens que estão surgindo. “Eu me entusiasmo ao ver alguns jovens produzindo trabalhos magníficos, eu sinto como se isso fosse um ressurgimento da Arte”, disse. Em São João e na região, muitas famílias têm nas paredes de casa uma obra de Agnaldo Manochio, em geral um bico-de-pena.
Ele confirma: “O estilo bico-de-pena me atrai mais pela delicadeza e pela riqueza dos traços… e eu me sinto muito mais à vontade para trabalhar com esse estilo”. Embora reconheça o valor da pintura, avalia que “tem alguma coisa de mecânico no momento de preparar as tintas e fazer toda aquela ciência, que também faz parte da Arte. No bico-de-pena, eu posso começar um desenho pelo meio, vou pelas laterais… é uma atividade que me liberta. Quando eu não aguento mais, eu paro”, finalizou.