Luto

CLINEIDA JUNQUEIRA JACOMINI
[email protected]

Aos que sofrem!

Comprei um vestido de bolinhas brancas num fundo preto, pela internet e só hoje resolvi experimentá-lo. Até que ficou bom! E aí me lembrei de costumes antes arraigados na nossa sociedade e hoje em desuso. É o caso do luto. Em 1958, quando meu pai morreu, eu tinha 13 anos e vesti preto! Que coisa mais nefasta para quem já está sofrendo tanto! Era um luto atenuado, com algumas coisinhas brancas, mas mesmo assim, impróprio para uma mocinha. Para os adultos, luto completo. Daí a 3 meses, no casamento de uma prima, fui com um vestido todo faschion, com uns desenhos ainda em preto, pied de poule, feito pelo atelier de uma prima que devia favores ao meu pai e me vestiu a juventude toda! A Dioneia, da Grama. O luto está na perda, irreparável, não na cor das roupas; está na dor da saudade; na situação de nunca mais ver, ouvir, tocar na pessoa amada que se foi; o luto está na alma dolorida e em prantos! Está no choro incontido; nas lágrimas que caem!

Agora que não se usa mais o preto do luto e muitos outros hábitos estão demodês, existem alguns valores, antes venerados e hoje abandonados; ninguém mais liga para eles. A sexualidade e intimidade das pessoas, por exemplo. Hoje isso é exposto descaradamente (para não escrever outra parte do corpo, nas mídias sociais. Um horror!). Mas, sempre que eu me escandalizo vem logo alguém, (graças a Deus, não meus amigos!), que revidam, se revoltam dizendo que eu não devia escrever isso, nem aquilo… (e eu continuo… rs… rs). Todo mundo hoje se acha no direito de dar seu palpite, eu, inclusive. E outros revidando, treplicando. Desse jeito todo mundo se estressa, situação da moda e da hora!

Temos uma geração de grandes chatos que outrora significava outra coisa, felizmente debelada e fora de circulação. Pode tudo e ao mesmo tempo não pode nada! Há associações zelosas para defender qualquer coisa e situação. Preto, mulata, gay, branquela, japa, gringo… nada pode ser citado, referido ou usado. Ao mesmo tempo, os direitos das pessoas, que deveriam ser garantidos, passam batido e elas, as pessoas, é que são batidas, sem recurso, nem força. É o caso dos descontos previdenciários de quem já se aposentou em SP; de falas desmedidas e injustas proferidas até por figurões proeminentes; do Val, deputado estadual do meu tradicional Estado e o segundo mais votado nas últimas eleições! E o que ele é? Como foi conhecido? Um youtuber, função e status novo, porquanto gerado nas redes sociais que sempre reputo e repito: antissociais! Agora o caso do Supremo e o outro deputado! Que crise generalizada!

Sempre ensinei, que existem 3 poderes, soberanos e estanques: Judiciário, Legislativo e Executivo. Um amigo jornalista me corrigiu dizendo que o tal quarto poder, a imprensa, sempre existiu também. Pois não é que agora viraram antagônicos e é um brigueiro só entre eles!

Muito ‘mimimi’ que, para mim, era só a terceira nota da escala de dó; todo mundo se doendo e condoendo, incriminando; defendendo a liberdade, mas não a concedendo; aí vem outro e perdoa; uma pessoa condenada, tendo que usar tornozeleira eletrônica (o moderno meio de localização e vigia), e sabem o que aconteceu nesta semana? Deputado, frequentando a Câmara normalmente, foi indicado para compor, pelo menos, duas comissões parlamentares, uma das quais de Constituição e Justiça, a CCJ. E eleito vice-presidente da Comissão de Segurança Pública e combate ao crime organizado. Aqui na roça dizemos: cabrito vigiando a horta! Tá tudo virado e revirado!

Coitado do José de Alencar se vivesse hoje! Não poderia ter escrito “A pata da gazela”, pois ao levantar as vestes, homens e mulheres mostrariam, não as canelas sensuais e eróticas do século XIX e sim um monstrengo preto piscando: a tal da tornozeleira!

COMPARTILHAR

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here