Para quem gosta…

CLINEIDA JUNQUEIRA JACOMINI
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Para a professora Eny Noronha, eternamente mestra!

Para quem gosta de escrever, tudo serve de pretexto e dá um gancho para uma crônica. Aliás, não se chega a uma correta definição desse gênero. Que se refere ao tempo e sua passagem inexorável, é certo; mas vale tudo? Acho que sim, pois o que vivemos se passa em algum lugar, em algum lapso de tempo, do passado, presente e até, imaginariamente, no futuro. Hoje, por exemplo, tinha que fazer uma transferência pelo aplicativo bancário, os tais apps tão em moda. O aplicativo estava fora do ar. Acho que precisava ser renovado então começou a ser carregado o que levou uma infinidade de minutos. Aí, me pediram uma foto para comprovação e para fazer futuros pagamentos com mais facilidade e segurança. E eu tinha que apontar a câmara do celular para minha cara. Mas, cara, eu estava prá lá de feia, medonha mesmo, com os cabelos melados de tinta, wellamente oitavados, me transformando depois de 40 minutos numa loiraça, ainda que idosa. Não podia de jeito nenhum me deixar fotografar registrando uma cara que não era a minha de todos os dias. Passado o tempo da tintura, fui tomar banho e lavar minhas madeixas, ainda que curtas. O resultado até que foi bom! A tinta era boa e ‘pegou’!. Fui de novo no app, pois o tempo já tinha se esgotado. Comecei tudo de novo: senha, opção e a tal foto. Aí ficou girando, girando e nada! Nem de tirar o retrato, nem me dar outra opção… Nem de sair! Tive que desligar o ‘pareio’ para enganar o tal app. Aí a bateria estava baixa. Coloquei para carregar! Um tempão! Comecei de novo! Acho que me acharam feia, mesmo com os cabelinhos novos em folha e loiros. Não me pediram a foto e eu até que já estava disposta a tirá-la. Enfim, depois de horas e celeumas, consegui fazer a transferência e meu amigo para quem mandei essa epopeia do século XXI e suas modernas máquinas que fazem “de um tudo”, mas são bem complicadinhas, me sugeriu que isso até daria uma crônica… e não é que deu!
Essa tal de internet e seus modernos aplicativos é uma coisa de loco! Precisamos, usamos, não ficamos mais sem, mas é um problema atrás do outro. Nesses tempos agoniantes de medo, contágios, mortes, isolamento, (mas a vida correndo solta!), só não se consegue dinheiro online, e já prometem isso. Num livro do dr. Robin Cook, o rei dos suspenses médicos, li essa frase que não resisti e transcrevo: “Para Jerry, a internet era um recurso maravilhosoe, também,digamos assim, uma babá.Nela você podia achar o que desejasse, além de muitas coisas que nem tinha noçãode que queria saber. Não servia muito para encontrar a fonte da juventude, nem provar a existência de Deus, mas era excelente para outros fins.”E é a pura verdade! O pior é que muitas vezes some nas horas em que mais se necessita dela. Já disse muitas vezes que ela é excepcional, pois falo, literalmente, ao vivo, a cores e a rugas com meus queridos do outro lado do mundo! Mas… e sempre tem um, ela depende de variantes falhas: torres, antenas, eletricidade, boa vontade, homens, estradas, tempo bom etc etc. Minha coleção da Delta-Larousse está na estante só servindo de pasto para meus cupins de estimação. E outro dia ainda fui procurar um verbete e não achei. Fui no Dr. Google e lá estava, alto e boa visão, online. Também enseja a brigas, desentendimentos, crises, neuroses, ‘pauras’ quando um hipocondríaco lê sobre uma doença, um vírus e passa a sentir tudo que lhe foi relatado no vídeo. Em política… e esse é ‘O’ ano! A coisa consegue piorar mais ainda. Uma vez ouvi da mestra Eny citada lá em cima, quando disse que não entendia, nem gostava de política, era mesmo, apolítica, a seguinte resposta bem lógica: _Todo mundo é político! Ou se é da direita ou da esquerda, mesmo sem qualquer filiação, em seu foro íntimo! E é verdade! Ao ler o que escrevem no Facebook, dar sua curtida com carinhas alegres ou caretas hostis, já se sabe de qual lado a pessoa é! Então, se conclui, como em tudo nesse mundo, que esse moderno e útil meio de comunicação tem dois lados, “é uma faca de dois legumes”, como dizia meu marido saudoso e brincalhão. E vamos em frente!

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