Concertos e consertos

CLINEIDA JUNQUEIRA JACOMINI
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Aos bons pianistas.

Nossa vida é sempre cheia de dúvidas, as mais constantes e variadas, assim como elas são suscitadas quando lemos esses dois termos do título acima. Adoro ambos! Sobre concerto, penalizada soube do falecimento do grande pianista tímido Nelson Freire, ‘minerim’ de Boa Esperança. Sofreu uma queda e não teve conserto… nem mais concertos! Era grande admirador de sua colega, a sanjoanense Guiomar Novaes. Perto de nós, temos a Orquestra Jazz Sinfônica com grandes músicos e maestros incríveis: Agenor Ribeiro Netto e J. Lobo. Seus arranjos e paixão pela boa música, não necessariamente demasiada erudita, inebriam a todos, contagiando a plateia, sempre!. E nem precisamos pagar para assistir aos belos espetáculos no nosso Theatro de acústica perfeita. Também nos é oferecida música e eventos de qualidade no YouTube, também gratuitamente, sentadas comodamente em nossas casas, podendo curtir, repetir, opinar… Aqui, um parêntese sem digitar (): muitas vezes assisto pelo referido canal moderno a eventos perfeitos, sem nenhum defeito, admiráveis em todos os sentidos e vejo, gratificada, milhares de aprovações com o ícone do dedinho levantado; por outro lado, estarrecida, indignada mesmo, vejo alguns dedos abaixados, descurtindo o vídeo. Não gostaram. Será? Impossível não gostar do que é perfeito. Acabo de assistir a um grupo russo dançando, marinheiros ou somente vestidos como tais, tão parecidos que parecem clones. Maravilhosa sincronia de movimentos, passos ritmados, todos sorrindo e parecendo flutuar no espaço. Pois não é que teve gente que não gostou!! O que queriam mais do que isso? O que está acontecendo com as pessoas, meu Deus?! Será que são do contra ou só querem parecer assim? O ser humano moderno está muito incoerente em seus sentimentos, atitudes e posicionamentos! As pessoas gostam mais de seus pets do que de seus semelhantes; mimam, se preocupam e gastam muito mais com os bichinhos do que com seus iguais, deixados em asilos, ruas e creches. Brigam mais pela Amazônia e suas queimadas, (apesar de estarem longe dela e não poderem fazer nada… nem apagar o fogo e colar troncos!) do que com quem joga lixo debaixo de seu nariz; incomodam-se com as decisões da COP26 lá longe e não com quem suja a rua, depreda paços públicos, furta o que não lhe pertence…

Explicando o outro termo, com s: adoro consertar o que está estragado, mas que merece e pode ser restaurado. Essa é a diferença entre jovens e velhos: os primeiros jogam tudo fora, queimam, somem com o que não está perfeito; só valorizam o novo; geração do descartável! Os segundos, mais velhos e experientes, talvez pela proximidade da morte, (que, aliás agora não segue a rota lógica de matar os mais idosos), tentam remediar, consertando tudo que não está nos ‘trincs’, num esforço muitas vezes inútil de procurar preservar o fio de vida que ainda resta num escombro!

Na vizinha Poços de Caldas, a Prefeitura precocemente preparou a cidade para o Natal, instalando luzes e enfeites alusivos à data e tão esperados pelos munícipes e visitantes. A inauguração iria ser neste dia 6/11, aniversário da cidade. Pois não é que vândalos arrancaram fios, desmancharam arranjos até antes de serem vistos!! Os furtos não se dão mais nas casas de ricos e famosos, como fazia o lendário Robin Hood com a boa intenção de ajudar os pobres; agora postos de saúde, cemitérios, escolas, creches … são roubados na calada da noite! E o que pensam esses ladrões que se locupletam com coisas de serventia para gente desvalida, que precisa delas num momento de dor, morte, aprendizado e luta pela sobrevivência nesse mundo tão hostil?

“Pare o mundo que eu quero descer…” como cantava Silvio Brito.

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