Desde o dia 4 de fevereiro as aulas retornaram na rede municipal de São João da Boa Vista, mas de forma remota. Em entrevista ao O MUNICIPIO, a diretora do Departamento de Educação, Eloísa Helena Rodrigues Matielo Ribeiro, explicou que esta medida foi necessária para manter o aprendizado das crianças. “Infelizmente não é como desejaríamos que fosse, com a presença dos estudantes dentro das escolas, mas é uma maneira não só de garantir os dias letivos como também amenizar os efeitos do distanciamento social. Ainda que remotamente, os alunos passaram a interagir com a escola através de seus professores, garantindo os conteúdos e aprendizagem”.
As escolas municipais de São Joao, por meio de uma parceira com a União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), contam hoje com a rede aberta de TV, a Rede Vida, com vídeos educativos e conteúdos programados. “Os alunos também levam e trazem para casa os roteiros de estudos elaborados pelos professores, livros didáticos e atividades propostas. Existem também algumas aulas gravadas pelos docentes e enviadas nos grupos de WhatsApp das classes para os pais repassarem aos filhos. Em alguns casos, o transporte municipal acaba levando e trazendo as atividades onde as famílias estão mais distantes, como no caso da zona rural. Não podemos deixar de incluir ninguém nesse processo de ensino remoto. O ensino presencial também não será obrigatório, cabendo aos pais decidirem quando é o melhor momento para enviarem os seus filhos à escola”, disse a diretora.
A retomada do ensino presencial na cidade está prevista para o dia 1º de março na rede municipal, mas de forma gradativa, dependendo da fase que o município se encontrar no Plano São Paulo.
“Se fosse hoje, estaria liberado até 35% dos alunos dentro das escolas, em sistema de revezamento das turmas. Além de todo preparo em relação aos protocolos sanitários com a formação de todas as equipes que trabalharão com os alunos, como professores, gestores, merendeiras, motoristas”, explicou.
MODELO DE AULA
Quando as aulas presenciais retornarem, na primeira semana estão previstas atividades de acolhimento emocional dos estudantes, aulas sobre o protocolo sanitário, ensinando aos alunos os novos comportamentos a serem adotados na escola, como uso obrigatório de máscaras, por exemplo. “Depois dessas atividades iniciais, faremos uma avaliação diagnóstica inicial, instrumento fundamental para traçar o plano de intervenção pedagógica mais adequado à continuidade da trajetória escolar de cada estudante”, pontuou.
ORIENTAÇÕES
O Departamento de Educação recomenda que as escolas façam os devidos ajustes no planejamento pedagógico, considerando os possíveis impactos desse período no aspecto socioemocional dos alunos, professores e funcionários e nas questões pedagógicas.
Com o retorno às atividades presenciais, a Pasta orienta também que se promova uma capacitação dos alunos para que reaprendam o novo comportamento na escola, baseados nos protocolos sanitários e promovam a avaliação diagnóstica de retorno. “Essa avaliação será fundamental para traçar o plano de intervenção pedagógico mais adequado à continuidade da trajetória escolar de cada estudante. Assim, para o bom resultado, recomenda-se planejar momentos de orientação aos professores sobre instrumentos avaliativos e avaliação, observando o engajamento e participação de todos os estudantes. Orientá-los para que, nos dias em que os estudantes estiverem na escola, de maneira presencial, este momento seja aproveitado no sentido de diagnóstico, para que posteriormente, os planejamentos sejam mais assertivos e coerentes com as reais necessidades de cada estudante e contexto escolar”, afirmou.
De acordo com ela, a ideia do Departamento não é apenas concluir os planejamentos curriculares previstos para o ano, mas garantir que os estudantes dominem o conhecimento necessário para a continuidade dos estudos, ou seja, que as aprendizagens essenciais para a sequência da trajetória escolar sejam concretizadas, pois o objetivo é evitar, na medida do possível, que as dificuldades não superadas durante o ano passado se tornem duradouras.
Retorno presencial causa preocupação
A agente de pesquisa e mapeamento Talita Turatti Tavares tem duas filhas, uma de 12 anos e outra de 7. A mais velha está matriculada no 7º ano de uma escola privada e a caçula está no 2° ano da Escola José Peres Castelhano. Diante da pandemia, a mãe das meninas está preocupada com o retorno presencial.
“Fico muito apreensiva com a ideia do retorno presencial, principalmente com relação às crianças pequenas. A cidade ainda registra muitos casos de Covid-19. As crianças serão as últimas da lista a serem vacinadas e a possibilidade delas se tornarem vetores de contágio para os mais velhos me preocupa muito”, comentou.
A apreensão maior é com a filha mais nova, pois Talita sabe como funciona a rotina de um ambiente escolar.
“Eu não autorizo o retorno da minha filha mais nova enquanto não for vacinada. Já tive a experiência de trabalhar em uma escola e sei como é a rotina. São muitas crianças, poucos cuidadores”, relatou. “Criança tem muita energia, necessidade de brincar, de correr, de abraçar. É missão impossível, tornar o ambiente seguro, não adianta somente passar álcool em gel na entrada da escola e medir a temperatura. É muito mais complexo”, completou.