
Embora as notícias sobre o início da vacinação contra a Covid-19, em janeiro de 2021, tenham animado parte da população, a situação segue se agravando na região de São João da Boa Vista. Segundo dados do SP Covid-19 Info Tracker, mantido pela Universidade Estadual Paulista (Unesp), Universidade de São Paulo (USP), Centro de Ciências Matemáticas aplicadas à Indústria (CEPID-CeMEAI), com suporte da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), a situação tem apresentado piora.
De acordo com consulta realizada nesta terça-feira (8) ao Info Tracker após sua atualização às 23h18 de segunda (7), a região sanjoanense apresentou um Número Efetivo de Reprodução (ou Rt Diário) de 1,71. Um Rt acima de 1,0 representa um aumento na disseminação do vírus, enquanto valores que estão abaixo representam uma redução – na prática, significa que, em média, cada doente contamina quase duas pessoas.
Para os gestores que usam esse indicador como uma das principais ferramentas para as tomadas de decisões referentes à pandemia, o Rt é o sinal de que o contágio está crescendo.
No ranking do Estado de São Paulo, a região de São João só perde para as sub-regiões Ribeirão Preto (1,86), Grande SP Oeste (1,76), Campinas (1,75) e Grande SP Sudeste (1,72) – todas regiões metropolitanas.
EM SÃO JOÃO
Também segundo o SP Covid-19 Info Tracker, na cidade de São João, os casos ativos cresceram 36,91%, atingindo a média de 1.429 casos por 100 mil habitantes. Já a taxa entre óbitos/casos atingiu 2,23% e o município registrou 31,79 por óbitos/100 mil por habitantes.
Os números seguem os da região e apresentaram crescimento, embora São João tenha mantido a taxa de isolamento em 44,43% (média dos últimos sete dias) – em 10 de abril, a taxa atingiu 68%.
O sistema também apontou que a taxa de atualização dos dados sobre a Covid em São João é de 67%. Esse índice considera o número de dias cujo boletim foi atualizado – número de dias contados de 26 de março até a data da última atualização da Info Tracker.
MEDO DE DESCONTROLE
Os números ganham contornos mais perigosos com a proximidade das compras e festas de final de ano. O Centro de Contingência da Covid-19, do governo paulista, recomenda que as celebrações familiares de fim de ano não reúnam mais do que dez pessoas e evitem a presença de idosos. Celebrações em estabelecimentos comerciais, como bares, restaurantes, hotéis e salões de festas estão vetadas pelo decreto de calamidade pública, o Código Sanitário e a fase amarela do Plano São Paulo.
No dia 30 de novembro, quando o Estado todo foi reclassificado na fase amarela, o governador João Doria (PSDB) declarou que, se necessário, usaria medidas legais para impedir festas em locais públicos e particulares.

ALERTA
A médica sanitarista Marta Salomão alerta que São João, como grande parte do interior do Estado, teve aumento do número de casos de Covid a partir do final de julho e que vem se mantendo principalmente entre os jovens e pessoas abaixo de 60 anos. “Isso se deve às aglomerações dos jovens, sem a proteção de máscaras e sem respeitar o distanciamento social”, alertou.
Entretanto, ela ressalta que a maioria dos doentes tem sido atendida pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e que há varias vacinas sendo testadas, a maioria delas sido segura, mas ainda sem resultados de que garantam boa imunidade.
“Rússia e Inglaterra, frente à emergência sanitária, liberaram a aplicação da vacina sem a aprovação definitiva. Esperamos que isso venha a ocorrer também no Brasil, mas precisamos manter os cuidados de higiene, uso de máscaras, evitar aglomerações e isolamento social quando possível”, lembrou.
Segundo Marta, apesar de o Ministério da Saúde ter divulgado na semana passada um cronograma tímido, e que pretende aumentar o número de vacinados em 2021, ela não vê os preparativos essenciais para isso, como aquisição de vacinas, de insumos necessários como seringas e agulhas etc, o que tem sido feito por países que pretendem impacto da vacina na pandemia.
Ainda em relação à cidade de São João, a médica afirma que o trabalho do Departamento de Saúde tem sido bom. “Mas, para que possamos melhorar o acompanhamento da doença, sugiro que seja realizado RT-PCR nos casos leves e não se faça só o exame sorológico no final do período de observação. A Prefeitura adquiriu exames RT-PCR para os casos internados, mas poderia enviar estes exames para o Instituto Adolpho Lutz. Assim, o número de ‘monitorados’ diminuiria e essas pessoas poderiam ter o diagnóstico mais rapidamente. Os exames sorológicos poderiam ser utilizados – em pesquisa – em mais grupos da comunidade, como foi realizado com entregadores”, concluiu.
PREFEITURA
Procurada, Heloisa Trafani, titular de Saúde, diz que a cidade seguirá as recomendações do Plano São Paulo, na fase amarela: “Ou seja, os estabelecimentos poderão funcionar até as 22h, com funcionamento máximo limitado a 10 horas por dia, capacidade limitada a 40% de ocupação para todos os setores e proibição de eventos com público em pé”.