Donos de cães devem se atentar à cinomose

Vacinação: Plínio Aiub destacou os cuidados que se deve ter para evitar a doença nos cães (Divulgação/Arquivo Pessoal)

Com alto contágio, a cinomose é uma doença canina que merece uma atenção especial dos donos de cães. Transmitida pelo vírus da família Paramyxovirus, essa enfermidade pode levar o animal à morte ou mesmo deixar graves sequelas. “A cinomose é uma doença viral grave. Eu a considero uma das piores doenças dos canídeos”, afirmou o médico veterinário Plínio Bruno Aiub.

Há cerca de 25 anos atendendo em São João da Boa Vista, ele explica que é comum a propagação do vírus neste período do ano. “Aquele jargão de que ‘agosto é o mês do cachorro louco’, não é em vão”, comentou. “Esta é uma época de muito vento, o que permite que o vírus se alastre com maior facilidade”, destacou o veterinário.

De acordo com Plínio, historicamente, sempre houve um aumento de cães infectados entre os meses de agosto e setembro. “Não vejo isso como surto e não acho que deve ser alardeado, mas faço uma ressalva: aumentou muito o contingente de animais errantes e de abrigo”, observou. “Quando tínhamos o funcionamento do Centro de Controle de Zoonoses, fazendo sua função de controle e levando alguns animais de carrocinha embora, havia um certo respeito, pois todo mundo tinha medo de ter um cachorro na rua. Hoje o contingente de animais errantes aumentou demais”.

O veterinário ainda observa que grande maioria dos cães errantes não é imunizada, enquanto que outros receberam vacinas que às vezes podem não ter uma boa eficácia, o que contribui para a propagação da enfermidade.

 

TRANSMISSÃO

Plínio esclarece que a cinomose ocorre pela transmissão direta do vírus. “Preferencialmente tem a ‘porta de entrada’ pelas vias aéreas respiratórias superiores do cão, mas algumas vezes entra pelas vias digestórias, ao beber água, comer algum alimento ou lamber um lugar que tenha contaminação”, disse.

 

SINTOMAS

De acordo com ele, após passar pelo ciclo digestivo – causando uma diarreia escura –, a doença atinge o sistema respiratório, onde o cachorro desenvolve uma tosse seca, apresentando remelamento dos olhos e uma secagem do nariz e das almofadinhas das patas. “O animal começa com uma tosse e uns espirros, como se fosse uma gripe. Muitas vezes desenvolve um quadro respiratório que pode evoluir inclusive para pneumonia. Depois disso, o vírus ataca o sistema nervoso central, quando manifesta diversos sintomas neuronais”, relatou.

Segundo o veterinário, a cinomose pode ter diferentes apresentações dependendo da idade do cão. “Em um filhote não imunizado, ela é fatal e chega rapidamente no sistema nervoso central. Já no cão adulto, às vezes ocorre a chamada ‘cinomose senil’, que começa com uma tosse que se estende por meses. O proprietário deixa passar e o animal começa a cambalear e a mostrar os sintomas neurológicos, que vão desde o cambaleamento a trismos, tiques faciais, mioclonia até convulsões, paralisia, descadeiramento e morte”, contou.

 

VACINAÇÃO

A prevenção da cinomose é por meio da vacinação. Atualmente existem duas categorias disponíveis no Brasil: as vacinas não éticas (que são produzidas em laboratórios que permitem a venda a qualquer estabelecimento) e as vacinas éticas (que são vendidas somente para estabelecimentos veterinários de saúde animal, ou seja, clínicas, consultórios e hospitais veterinários). “A vacina ética é com tecnologia molecular, sendo muito mais segura e eficaz”, afirmou Plínio, destacando que a imunização deve ser realizada aplicando três doses no animal ainda jovem e, posteriormente, um reforço anual. “Pessoas que tiveram cães com cinomose em suas casas, devem evitar trazer animais novos para o imóvel antes de estarem com a vacina em dia. O risco de contaminar é muito grande, visto que este vírus pode ficar até quatro anos no lar da pessoa que teve um cão doente, isso mesmo desinfetando tudo. É um vírus altamente resistente”, alertou.

Como consideração final, o veterinário destaca a necessidade da causa dos animais abandonados ser tratada como saúde pública. “Se nós tratarmos a questão dos animais errantes com apelo, somente com o coração, incorre de aumentar sim as doenças zoonóticas, não só a cinomose, como também a raiva, que tem tido aparecimentos depois de uma longa jornada controlada”, finalizou.

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