Da China, sanjoanense relata preocupação com coronavírus

Da sacada do prédio: Ana observa as ruas de Macau, onde se deve sair o mínimo possível (Foto: Arquivo Pessoal)

O coronavirus acaba de receber nova designação e passa a ser chamado COVID -19, não mais 2019-nCov. Isso, porém, não modifica em nada seus sintomas e o cuidado que se deve dispensar a ele, os quais O MUNICIPIO trouxe em reportagem na edição de sábado (08).

Para a sanjoanense Ana Cristina Colabardini, farmacêutica pesquisadora, de 35 anos, que atualmente reside em Macau, uma Região Administrativa Especial da China, a preocupação é real, já que sua cidade está a cerca de mil quilômetros de Wuhan — epicentro da epidemia.

Há um ano e três meses vivendo naquele país, Ana Cristina mudou-se para lá em virtude de uma oportunidade de trabalho, surgida da colaboração entre laboratórios do Brasil e da China.

“Tivemos os primeiros casos há apenas algumas semanas. Como a economia de Macau é baseada principalmente no turismo de jogos de azar, recebe milhares de turistas da China continental. Durante o feriado do Ano Novo Chinês (25/02), sete turistas de Wuhan que estavam hospedados nos hotéis dos casinos de Macau tiveram febre e atestaram positivo para a infecção. Eles logo foram isolados e todos os turistas da província de Hubei, colocados em quarentena”, recorda ela.

E acrescenta que, diante da situação que se agravava no país, a prefeitura começou a tomar as medidas básicas de prevenção, como aumentar os pontos de checagem de temperatura, incentivar o uso de máscaras, estimular as pessoas a saírem menos de casa e adiar o retorno das férias escolares.

“Na segunda feira, após a confirmação da infecção de alguns residentes de Macau, todos os estabelecimentos, incluindo todos os casinos, academias, cinemas etc, foram fechados, exceto os supermercados e restaurantes, que estão funcionando apenas no regime de take-away. O número de ônibus circulantes foi drasticamente reduzido e agora é proibido circular sem máscara nas ruas ou promover qualquer reunião de pessoas em espaços públicos. O governo estendeu ainda mais as férias e reforçou o incentivo para que as pessoas saiam o mínimo possível de casa”, conta a sanjoanense, ponderando que a cidade não foi bloqueada, mas houve redução no número de voos saindo e chegando em Macau, a ponte que liga Macau a Hong Kong está sob severa fiscalização e a fronteira com a China continental foi parcialmente fechada.

CUIDADOS DIÁRIOS
Desde que soube do primeiro caso da infecção em Macau, Ana Cristina tem saído de casa o mínimo possível e sempre usado máscara, além de seguir à risca os cuidados básicos, como lavar as mãos com mais frequência e não tocar o rosto.

“As ruas de Macau, que são normalmente superlotadas, estão desertas. Não há turistas nos casinos e em nenhum dos outros pontos turísticos. Além disso, Macau já está se preparando para a recessão financeira que está por vir, com medidas como subsidiar aluguéis nos próximos 3 meses e antecipar a distribuição de cheques pecuniários aos residentes permanentes”, observa ela.

Trabalho também passou a ser só em casa e a farmacêutica só sai realmente quando é para supermercado ou algo emergencial.

“Cada vez que saio, tenho a temperatura verificada pelos seguranças na portaria do meu prédio e preencho um formulário com detalhes de onde vou. Quando chego ao supermercado, medem minha temperatura novamente”, diz.

PREOCUPAÇÃO DOS FAMILIARES
A sanjoanense revela que, logo após o bloqueio de Wuhan, sua mãe entrou em pânico e insistiu para que ela voltasse imediatamente para o Brasil.

“Mas logo ela percebeu que a situação em Macau não era tão grave assim e que as medidas de prevenção eram bastante rigorosas. Além disso, entendeu que me aventurar em aeroportos e dois voos longos não eram as melhores opções. Meu contrato termina no final de abril. Estou pensando na possibilidade de voltar antes, mas espero que não seja necessário. Espero também que, na época do meu retorno, a situação já esteja um pouco melhor e eu não tenha problemas, tanto para deixar Macau, quanto para entrar no Brasil”, programa.

Ana Cristina também acentua que por lá, as medidas de segurança e de controle para que o vírus não se espalhe chegam a parecer absurdas, mas são efetivas e visivelmente muito organizadas e planejadas.

“Há muita informação circulando e as pessoas estão comprometidas em evitar o pior, por isso me sinto relativamente segura por aqui. Acredito que poucas pessoas se imaginam na real situação de quarentena por causa de uma epidemia. O COVID-19 se espalhou muito rápido e, com ele, muitas incertezas. É bastante difícil ter sua rotina completamente alterada de maneira tão drástica, sem ter ideia de quando as coisas vão começar a melhorar. O sentimento de impotência é angustiante e a indignação é inevitável. Tudo indica que desta vez não teremos uma pandemia, mas as pessoas precisam entender como atitudes irresponsáveis podem resultar em tamanho dano à população”, finaliza ela.

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