Ideologia acima de tudo

Um estudo chamado “Terceiro levantamento nacional sobre o uso de drogas pela população brasileira” produzido pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) foi censurado pelo governo Jair Bolsonaro (PSL).

A pesquisa sobre o uso de drogas no Brasil mostra, segundo reportagem do Jornal Nacional da TV Globo, que 9,9% dos brasileiros entre 12 e 65 anos experimentaram alguma droga ilícita na vida. A pesquisa ouviu mais de 16 mil pessoas, entre 2014 e 2017, envolveu mais de 500 profissionais e custou R$ 7 milhões. A Fundação Oswaldo Cruz venceu o edital aberto pela Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas, do Ministério da Justiça, para realização do estudo.

A Fiocruz é uma instituição centenária de pesquisa e desenvolvimento na área biológica, localizada no Rio de Janeiro, e considerada uma das principais instituições mundiais de pesquisa em saúde pública.

Sua conclusão aponta que não existe uma epidemia do uso de drogas no Brasil. O ministro da Cidadania Osmar Terra (MDB) discorda do resultado da pesquisa. Segundo ele, “a Fiocruz tem o viés de defender a liberação das drogas”.

É uma imensa ode à mediocridade: Se o estudo não está de acordo com a ideologia do governo, não presta e deve ser desmerecido.

A promoção de C&T há muito tempo deixou de ser uma preocupação exclusiva dos cientistas para tornar-se peça estratégica nos assuntos de Estado. Ponto fundamental que este governo mostra desconhecer. O corte nas despesas e investimentos do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, bem como no financiamento de Universidades Federais anunciados pelo MEC são a prova definitiva deste descaso.

Eduardo Vella é jornalista e escreve em O MUNICIPIO semanalmente, aos sábados.
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