Feliz ano de 1964

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) determinou ao Ministério da Defesa que faça as “comemorações devidas” pelos 55 anos do golpe militar de 1964. A informação foi transmitida à imprensa pelo porta-voz da Presidência, o General Otávio do Rêgo Barros. Ainda, segundo Rêgo Barros, Bolsonaro “não vê como golpe o que ocorreu em 1964”.

Em 31 de março daquele ano, os militares iniciam a tomada do poder e a deposição de João Goulart, o Jango. Logo depois, em 9 de abril, foi editado o AI-1 (Ato Institucional nº 1), decreto militar que depôs o presidente e iniciou as cassações dos mandatos políticos. No mesmo mês, o marechal Castello Branco foi empossado.

Com a determinação, Bolsonaro e seu governo de militares tenta reescrever a história, ressuscitando uma data polêmica, além de promover nova ação que estimula a instabilidade política.

De acordo com o Ministério Público festejar a ditadura é, portanto, festejar um regime inconstitucional e responsável por graves crimes de violação aos direitos humanos. “Essa iniciativa soa como apologia à prática de atrocidades massivas e, portanto, merece repúdio social e político”, disse em nota.

O presidente ignora os mortos e exilados pelo regime e suas famílias – muitas delas que não puderam sequer promover o enterro, pois nunca encontraram os corpos. Ignora também os votos diretos que o elegeram, pois durante a ditadura não ocorriam eleições.
Bolsonaro utiliza da estrutura pública para defender e celebrar crimes constitucionais e internacionais. Os alemães, por exemplo, não celebram o nazismo e o holocausto.

A ditadura censurou, torturou, perseguiu e matou. A sociedade deve sempre discutir este tema e não celebrar. Mantê-lo vivo na memória é a melhor maneira para que essa história nunca mais se repita.

Eduardo Vella é jornalista e escreve em O MUNICIPIO semanalmente, aos sábados.
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