Por Mariana Mendes De Luca | @marianamdeluca
Um vinho branco, doce e barato era o campeão das prateleiras do mercado no Brasil antes da facilidade das importações que aconteceu na década de 1990. Naquela época, o brasileiro só tomava vinho ruim! Mas será que hoje esse cenário é diferente?
Com a abertura das importações começamos a provar vinhos tintos de outros países, e, atualmente, Portugal, Chile e Argentina lideram a lista dos que mais fornecem vinhos para o Brasil.
Eles entenderam como “agradar” o nosso paladar e possibilitam uma melhor relação custo-benefício ao consumidor. E foi no ano de 2020, em decorrência da pandemia, que tivemos um aumento de 30% no consumo da bebida no País.
Mas mesmo estando cada vez mais presente em nossa mesa, ainda vejo muita gente falando “eu gosto, mas não entendo nada sobre vinhos”.
Ora, se você gosta e prova vinhos com frequência, seria comum entender um pouco mais sobre o assunto, correto?
Não necessariamente!
Essa seria uma prática comum se o vinho fizesse parte da cultura local como em outros países, já no Brasil, ainda existe um tabu em relação a bebida. Talvez porque de fato somos o país da cerveja gelada ou porque não expressamos aquilo que todo mundo pensa, mas ninguém tem coragem de falar.
Ter vontade de presentear com o vinho mais barato, mas achar chato, é tão comum quanto pedir sempre o mesmo vinho em restaurantes por não entender nada sobre a carta.
São verdades não ditas em voz alta para garantir o ar de superioridade que o brasileiro ainda sente ao segurar uma taça nas mãos.
Qual o problema em querer agradar alguém com um vinho de bom custo-benefício? Foi em uma dessa que já vi muita gente presenteando com vinhos de descaminho. Que tal, ao invés disso, optar por vinícolas comerciais italianas que oferecem vinhos com a uva Sangiovese, a mais cultivada no País, por valores abaixo dos três dígitos?
Valoriza a cultura do País e presenteia com um vinho sem grandes surpresas. Agora se o presentado for alguém que entenda de vinhos, não precisa cruzar o Atlântico, pode-se escolher um bom vinho argentino, que passou por um tempo mais curto no carvalho e com isso terá seu custo mais interessante.
Já em um restaurante, ao invés de pedir os mesmos rótulos, não há mal algum em pedir ao sommelier uma sugestão e estipular um valor máximo que se pretende pagar por aquela garrafa, afinal todos sentem receio em investir em algo que não se tem certeza de gostar.
Agora, se você é do time que coloca açúcar no café e por isso não se sente tão à vontade em provar vinhos com uvas mais complexas, não tenha medo em optar pelos brancos ou rosés mais frutados e leves, eles são ótimos para se tomar de maneira despretensiosa, acompanhar a comida e nunca a temperatura do ambiente.
A parte mais legal do vinho é entender que ele possibilita que você busque alternativas que também tenham suas qualidades, conhecer quais são elas e as valorizar.
Não importa o valor que você quer investir em uma garrafa, se você gosta de vinho leve ou se o refrigera até atingir o ponto de servir, o importante é você se sentir à vontade com sua taça na mão.
Um brinde as boas escolhas e até A Próxima Taça!