
Felipe Melo
Nos últimos anos, o número de seguidores do vegetarianismo vem crescendo. Em uma pesquisa realizada em 2018 pela Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB), em conjunto com o Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope), no Brasil, cerca de 30 milhões de pessoas já se diziam vegetarianas.
O vegetarianismo é o regime alimentar de quem não come carne. Dentro desta prática existem diferentes tipos. Por exemplo, o vegetariano estrito não se alimenta de nada de origem animal (carne, ovo, leite, mel). O ovolactovegetariano não come carne, mas consome ovos, leites e derivados. O lactovegetariano não se alimenta com carne e ovos, mas sim, derivados de leite. O ovovegetariano exclui da alimentação carnes e laticínios, mas consome ovos. Além disso, existem os veganos que é um estilo de vida que é baseado na não utilização de produtos derivados de animas em todos os aspectos, não apenas na alimentação.
Sobre a dieta vegetariana, a reportagem do O MUNICIPIO conversou com a nutricionista Natalia Figuerôa.
VEGETARIANISMO
Os alimentos de origem animal são fundamentais para a obtenção de proteínas por meio da absorção de aminoácidos. Ao todo existem 20 tipos de aminoácidos, dos quais nove são considerados essenciais e o corpo humano não consegue produzir e devem ser obtidos a partir dos alimentos. “Eles precisam ser consumidos pela alimentação. As proteínas de origem animal têm todos os aminoácidos essenciais, então ao consumir uma carne a pessoa já está consumindo-os”, comentou Figuerôa.
Ela acrescenta: “Os alimentos vegetais ricos em proteínas são os grãos leguminosos como o feijão, grão de bico, lentilha, ervilha e cereais (trigo, arroz). Estes alimentos são ricos em aminoácidos essenciais, porém os grãos são abundantes em alguns e limitantes em outros e da mesma forma os cereais, desta forma, é necessário associar os dois. Então, a alimentação do vegetariano estrito tem que ter grãos e cereais ao longo do dia para que tenha todos os aminoácidos essenciais”, disse.
Além das proteínas, os alimentos derivados de origem animal são ricos em ferro, vitamina B12 e zinco. “O ferro é possível ser encontrado nos vegetais escuros como couve, rúcula, almeirão, e principalmente no espinafre e agrião. As castanhas também possuem bastante ferro, por exemplo: a castanha de caju, as avelãs, os amendoins, amêndoas. Porém o ferro encontrado na origem vegetal é inorgânico, não absorvemos tão bem, diferente do ferro da carne. Para ter uma boa absorção do ferro inorgânico precisa da vitamina C ou A em conjunto na alimentação”.
Ela complementa: “Para a vitamina B12 o vegetariano tem que recorrer aos suplementos, pois ela vem exclusivamente de alimentos de origem animal. Outro nutriente que tem que ter atenção no vegetarianismo é o zinco que vem na carne vermelha. Com a deficiência do zinco não absorvemos nenhum outro nutriente, por causa da ausência de ácido clorídrico, por isso é necessário um cuidado e ele pode ser encontrado em sementes de abobora e gergelim, na ora-pro-nóbis”, elencou a nutricionista.
É fundamental para os vegetarianos o bom planejamento das refeições, como alerta Natalia. “Metade do prato deve conter legumes, folhas e uma fruta (que pode ser na sobremesa) e a outra metade tem que ter grãos, cereais e uma proteína, que na verdade é uma combinação de grãos e cereais. Eu explico aos pacientes que tem que ter arroz, feijão e mais um alimento proveniente de grãos, por exemplo, o veggie burger, que pode ser de lentilha ou de grão de bico, um falafel, uma torta de ervilha, alguma proteína de soja”, terminou.