Por Clovis Vieira
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Aquela imagem do pai provedor, que chegava em casa no final do dia e gritava na porta “Querida, cheguei!”, está desaparecendo com espantosa velocidade. “Essa imagem já foi quebrada”, afirma Priscilla Ferreira de Souza, psicóloga clínica, consultora em Recursos Humanos e docente, há 25 anos atuando na área. “O pai de antes, era aquele que provia a casa e, em muitas vezes, não oferecia suporte emocional à família e não acompanhava o desenvolvimento dos filhos”.
A profissional lembra que, até há alguns anos, viam-se somente mães buscando seus filhos nas portas de escolas infantis. Hoje, aquele total divide-se em 50% de mães e 50% de pais. “Atualmente, os pais estão muito mais presentes na vida de seus filhos; isso é muito importante, porque a criança se sente também presente na vida do pai. É diferente de antes, quando o pai saía para trabalhar, ficava fora de casa todo o dia, chegava somente à noite e mal via os filhos”.
Ao analisar os fatos, Priscilla entende que agora o papel do pai está sendo cumprido, sem sobrecargas e sem ‘poupar’ o pai da relação, como ocorria até há pouco tempo. “São mudanças muito positivas, porque os pais sentem-se mais presentes, mais amados e mais reconhecidos pela família. Isso faz bem para todos”.
PARADIGMAS
É quando surgem as perguntas – O que houve? Quando essa mudança teve início? “Eu creio que houve um processo muito grande de quebra de paradigma. Motivada, inclusive, pela nova posição da mulher, cujo papel deixa de ser reduzido a apenas algumas tarefas, podendo assumir os papéis em que ela se senta confortável e capaz para tanto”. A psicóloga aponta que esta mudança acarreta muitas outras: a mulher também sai de casa para trabalhar tornando-se a outra provedora do lar e sentindo-se produtiva. “Então, quando a mulher sai, o homem tem que, naturalmente, dividir as tarefas com ela”.
Confessando gostar de mudanças, Priscilla avalia que mais mudanças nesse sentido podem estar chegando por aí, inclusive com relação aos consagrados conceitos de família. “O ser humano tem muito medo de mudanças, de precisar sair de sua zona de conforte, onde já sabe como tudo funciona. Sinceramente, não considero que haja conceito bom ou mau nesta área, o importante é ficar atento ao lado bom de cada um e aproveitar essa dinâmica natural do ser humano”, concluiu.
A DATA
O site Mobills.com informa que em 14 de agosto de 1955 (um domingo), um publicitário de nome Sylvio Bherinh fez um concurso para homenagear alguns pais: um com o maior número de filhos; o pai mais jovem; e o pai mais velho. No concurso, um pai com 31 filhos foi o premiado, o mais jovem tinha 16 anos e, por último, o pai mais velho, de 98 anos. Este evento de 1955 causou grande repercussão, o que fez com que o dia passasse a ser comemorado sempre no segundo domingo de agosto.