A educação é tudo, do tudo; sempre dizemos mais ou menos isso. Os políticos ancoram-se aí, nos seus planos de governo. As escolas se modernizam para cumprir suas metas. Os países se comparam para ter a melhor educação. Uns já dizem sobre (e aprimoram!) a Inteligência Artificial, a IA. Enfim… todos, de certa forma, trabalham para ter melhor educação. Deixar a humanidade cada vez mais inteligente, quase comparando o homem aos extraterrestres com aquele cabeção, (supostamente, para caber mais massa encefálica) e, por isso, ser mais capaz e inteligente.
Mas, na verdade, o aprendizado (“digamos”, a outra parte da educação), o que se retira dela, depende de um ensinamento e, é nesse ensinamento que devemos nos atentar. Ele não está só nas mãos da educação. Ele está no que aprendemos sobre o que fazemos e vivenciamos. Retiramos ensinamentos da educação que nos foi apresentada ou que buscamos por conta das nossas curiosidades e vontades. Assim se constrói, a meu ver, a nossa inteligência. Nesta premissa, o professor, às vezes, não é apenas uma figura humana; quem ensina não é, necessariamente, um professor formado e letrado.
Aprendemos quando observamos o entorno, o clima, as chuvas, a colheita, a escassez … Tudo que temos de fazer, acaba nos capacitando.
Inteligente é o animal que vive por subsistência e não veio aqui a passeio.
Inteligente é o homem que entende que desse mundo o que se leva ou se deixa é o legado da sua caminhada.
Inteligente é o professor que ensinando, aprende e, aprendendo, enxerga que sua remuneração maior não provém do seu salário, mas sim dos seus frutos, que semeiam outras terras, carreando a germinação do conhecimento e ramificando a teia do ensinamento.
No mês em que se comemora o Dia do Professor, me vem sempre à memória o campeiro que conduz uma boiada só com a voz do AoooooooA; do ribeirinho que conhece como ninguém as águas do rio e suas margens que trazem a dinâmica da vida… As senhoras caboclas que, analfabetas, cuidaram dos doutores da vida moderna; do operário que, resiliente, passa anos numa empresa “engolindo sapos de ensinamentos” para educar seus filhos para serem profissionais honestos e terem oportunidade melhores. Do microempresário que cai e se levanta dos tombos da vida, para honrar seu negócio, mesmo tendo o governo como sócio, (e sem dar quase nada em troca!) e muitos outros anônimos, mas mestres dos ensinamentos da vida.
Vejo sempre essa massa de gente que, com ou sem educação formal, obtém do aprendizado da vida, muito ensinamento.
Infelizmente, também vejo muita hipocrisia na educação. Muitos títulos, com pouca serventia e, às vezes, muito cacique para pouco índio.
Concluo que, sim, o professor deve ser bem remunerado, especialmente o primário, mas também já tem o seu privilégio de ser ouvido, de poder ter a porta aberta do saber, transmitir, compartilhar e plantar ensinamento. Essa porta o coloca na nobre missão de deixar um legado amplo, mais amplo do que todos os professores anônimos da vida que citei no parágrafo anterior e, isso, pra mim, é o maior bem que um professor pode ter. Poder compartilhar!
Aprendemos desde cedo o que é o 1, 2, 3 da contagem de uma mãe brava; do não falar de boca cheia; do respeitar os mais velhos; de fazer silêncio quando o outro fala; de ouvir, calar, serenar, absorver e todos os ensinamentos ocultos/claros que constroem uma inteligência equilibrada; que podem suportar o mundo da ansiedade, ganância e libertinagem explícita.
Desejo um ótimo dia dos professores e agradeço a todos que tive e tenho, vida afora, inclusive aqueles que são, sem saber que o são!
Plínio Aiub é médico veterinário especialista em animais silvestres